Apesar de ter nascido numa família burguesa de costumes tradicionais, Pasolini sempre se opôs aos valores morais instituídos na sociedade protofascista.
O estouro do consumismo na Itália à época, cunhado por Pasolini como hedonismo de massa, fez com que o italiano desenvolvesse sua tese sobre a “mutação antropológica” da sociedade italiana, que consistia na argumentação de que o desenvolvimento do neocapitalismo causaria a abolição das diferenças culturais e de classes.
No prefácio do livro “Poemas”, Alfonso Berardinelli comenta que as ideias de Pasolini eram mal vistas até pela esquerda radical e marxista (segundo o italiano, a postura dos marxistas e da esquerda, baseada no materialismo econômico, era cega e desarmada).
Pasolini dizia que a sociedade italiana havia se padronizado com a ditadura, permeando-se no desenvolvimento e no progresso. No fim, mesmo as sociedades que o inspiraram – como as proletárias e subproletárias – haviam se dissolvido por almejarem se tornar sociedades burguesas modernizadas.



