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A atriz Arlete Souza faz humor negro para criticar a educação no país | Vitor dos Santos Teixeira
A atriz Arlete Souza faz humor negro para criticar a educação no país| Foto: Vitor dos Santos Teixeira

Texto inflamável, temas polêmicos e estruturação de palco planejada de forma inteligente. Esses e mais alguns elementos – como o fato de a peça “começar antes mesmo do início”, com a degustação de um preparado de carne com pão na entrada da sala de teatro – são os ingredientes essenciais de Tia Glaucéria Faz Picadinho. Com doses generosas de humor negro, o diretor e dramaturgo Neumar Michaliszyn e a atriz Arlete Souza trazem ao público uma reflexão que é um “tapa na cara da sociedade”.

Glaucéria, uma professora de ensino fundamental, perde a cabeça numa desavença com um aluno durante a aula e quando percebe está aposentada por causa disso. Então, a ex-professora passa por uma série de desventuras, chegando a um arrematador “grand finale” que surpreende até aqueles que têm estômago forte.

A personagem faz um raio X do profissional da educação, mostrando que por trás daquela casca imposta por um sistema, existe um ser humano que sofre, que é reprimido, que tem desejos e, o mais importante, sentimentos como aqueles representados por Glaucéria.

O passado da personagem também influencia, com emoções e sentimentos oprimidos devido à educação recebida da falecida mãe, que mesmo depois de morta continua a atormentá-la. Nesse contexto, a peça critica as diversas falhas na educação no país. Não só em instituições, mas também em lugares chamados de lares, mesmo que para muitas pessoas seja apenas o local onde residem.

Arte e realidade

Tia Glaucéria Faz Picadinho é a segunda peça de Neumar Michaliszyn, diretor do espetáculo e que estreou nas salas de teatro no ano passado. Antes disso, lecionou durante algum tempo na rede pública de educação, vindo daí a principal inspiração para a criação do texto do monólogo.

Detalhes como a crítica em relação à criação do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) enfatizam a relação que o diretor tem com o segmento de ensino. “Com o advento da ECA, os professores perderam muito poder como autoridade dentro de sala de aula. Toda parte que fala dos direitos humanos, da defesa da criança é algo bom, porém é muito ruim quando querem dizer que a criança não precisa estudar para passar de ano por exemplo”, explica a atriz Arlete Souza.

O dramaturgo ainda dá opinião sobre o relacionamento entre pais, alunos e escola. “A santíssima trindade da educação”, comenta. Questões como higiene pessoal e como se comportar em determinadas situações deixaram de ser obrigações dos pais ensinarem e essa falta de orientação por parte dos pais também são temas polêmicos destacados pela peça.

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