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Música

Arcade Fire volta ao subúrbio

A banda Arcade Fire | Divulgação
A banda Arcade Fire (Foto: Divulgação)

Os sete integrantes da banda canadense Arcade Fire não são exatamente bonitos, não usam roupas coloridas e não fazem mú­­­­sicas felizes. Muito pelo contrário, estrearam em 2004, com um disco batizado de Funeral, em homenagem às mortes de al­­­­guns parentes dos músicos durante as gravações. Mesmo repletas de angústia e pesar, as canções de estreia evitavam soluções fáceis, fugiam de fórmulas e não traziam respostas. Exa­­­­­tamente por isso, Funeral está entre os poucos discos que trans­­­­cenderam a última década.

O trabalho seguinte, Neon Bible, lançado após um período de três anos, foi recebido com unanimidade. Atingiu a segunda posição nas paradas norte-americanas e catapultou o grupo ao estrelato mundial. Mesmo que o viés político de algumas canções soasse como uma tentativa forçada de dar origem a hinos juvenis contra os males da vida moderna, o álbum rendeu à banda rótulos curiosos, como pop barroco – graças ao uso de instrumentos considerados incomuns, entre eles, piano, violino, viola, violoncelo e xilofone – e art rock, seja lá o que isso queira dizer.

Na última semana, o Arcade Fire voltou a ser o centro das atenções da música mundial. Na terça-feira (3), chegou oficialmente às lojas (internacionais, apenas) The Suburbs, terceiro disco dos canadenses, que já havia vazado na internet na semana anterior. Produzido por Markus Dravs, que já havia trabalhado com a banda em Neon Bible, o novo disco causou ainda mais furor que os anteriores. Recebeu a nota máxima de críticos dos principais veículos do mundo, que não economizaram elogios e comparações. O inglês Mike Diver, da BBC Music, chegou a dizer que The Suburbs é o OK Computer do Arcade Fire, só que melhor, referindo-se ao antológico álbum lançado pelo Radiohead em 1997.

Exageros à parte, o que se pode afirmar com certeza é que The Suburbs é um álbum ousado, bastante diferente de seus dois antecessores. A começar pelo número de canções – são 16, ao todo, seis a mais que nos registros anteriores. E o que se ouve em todas elas é uma banda mais relaxada, que se leva menos à sério e já não soa como se estivesse carregando o peso do mundo nos ombros.

Infância

De volta ao subúrbio que batiza o disco, Win Butler e companhia retornam à infância, que por vezes aparece como se tivesse sido um mero sonho, do qual eles despertaram para uma realidade dominada pelo conformismo. De levada folk, com piano à la Neil Young, a faixa-título celebra a simplicidade de uma vida pacata, que talvez esteja à beira da extinção. Na sequência, a banda acelera o ritmo em uma dupla de canções certeiras – "Ready to Start" e "Modern Man".

De andamento mais lento, "Rococo" aposta nas quebras de ritmo e na intensidade simultânea de vocais e guitarras. Uma juventude que antes parecia escondida, transparece em canções como "Empty Room", "Half Light II (No Celebration)", "Month of May" e a synthpop "Sprawl II (Mountains Beyond Mountains)". Na contramão, "City with No Children", "Deep Blue" e "We Used to Wait", demonstram amadurecimento e consciência de uma sonoridade própria que cada vez mais se solidifica, fazendo a alegria de suburbanos ao redor do planeta.

Serviço: The Suburbs, Arcade Fire. Merge Records. Importado. Preço médio: US$ 16. Indie rock.

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