
Poty Lazzarotto (1924-1998) é quase um sinônimo para Curitiba: seus painéis espalhados pela capital se confundem com a paisagem urbana, retratando nossos hábitos e costumes.
Mas Poty não é só curitibano ele retratou várias partes do país, como o Xingu, e ilustrou uma série de livros de autores (como Guimarães Rosa, Jorge Amado e Darcy Ribeiro). Esse lado mais "nacional" do artista poderá ser visto pelos paulistanos a partir do próximo sábado, na mostra Poty, de Todos Nós, na Caixa Cultural São Paulo.
A exposição tem curadoria da equipe técnica do Museu Oscar Niemeyer (MON), que se inscreveu em um edital do espaço (no ano retrasado), para realizar a exposição fora da cidade natal de Poty. "O grupo conversou para saber quais seriam as melhores obras para serem mostradas, e a ideia foi selecionar trabalhos que tivessem também uma ligação com São Paulo", explica a diretora do MON, Estela Sandrini.
Entre as 100 obras da exposição, está, por exemplo, o esboço do painel que Poty criou para o Memorial da América Latina (em 1988). Há, ainda, vários desenhos em nanquim, bico de pena, aquarelas e litogravuras, uma história em quadrinhos sobre a vida do artista, e ilustrações do livro Novelas Paulistanas, de Antonio de Alcântara Machado. Também serão projetadas imagens de 300 trabalhos.
Outro destaque, segundo a diretora do MON, é a série de desenhos de Poty sobre o Xingu. Em 1967, ele foi uma espécie de "repórter fotográfico" na viagem que fez com os sertanistas Orlando Villas Bôas e Noel Nutels a expedição rendeu cerca de 200 esboços sobre o cotidiano indígena. "Podemos ver toda a viagem, as cestarias, os bancos. É uma parte muito interessante da obra de Poty", diz Estela, que, na abertura da mostra, fará uma visita guiada para o público.
Múltiplo
Apesar de ter ficado conhecido principalmente pelos murais públicos (em Curitiba, são 46 espalhados pela cidade, em espaços como a Praça 19 de Dezembro e o Palácio Iguaçu), Poty circulou por várias técnicas, e foi um grande artista gráfico, além de ceramista e gravurista.
Tampouco era monotemático, tanto que viveu e retratou vários estados brasileiros. "Por isso, quisemos reunir não só desenhos sobre Curitiba, mas sobre São Paulo e também sobre a Bahia, onde ele morou", conta Estela.
Olho
Em 2012, o MON realizou mostra no salão nobre do museu, o "olho", que reuniu cerca de 800 itens sobre o artista e recebeu 200 mil visitantes em seis meses. A exposição em São Paulo fica em cartaz até março de 2015.
Biografia
Saiba mais sobre a trajetória do artista gráfico Poty Lazzarotto, que terá parte de sua obra mostrada na Caixa Cultural São Paulo
Nascido em 29 de março de 1924, Poty Lazzarotto começou a se interessar por desenho ainda criança. Seu talento foi reconhecido cedo. Aos 14 anos, publicou a primeira história em um jornal. Foi ilustrador da revista Joaquim, criada pelo escritor Dalton Trevisan, em 1946. Estudou na França, onde teve contato com a litografia, e trabalhou no Jornal da Manhã, de Samuel Wainer. Ao longo da vida, atuou com diversas técnicas artísticas, e expôs em cidades como Bruxelas, Londres, e Washington. Em Curitiba, cerca de 46 murais do artista podem ser encontrados em vários pontos da cidade. Morreu em 1998, na época, trabalhava em um painel encomendado pela Hidrelétrica de Itaipu.




