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Butcher Billy mistura ícones dos quadrinhos e do rock em série de ilustrações

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Um é queixudo, desajeitado, usa óculos e salva a vida das pessoas quando elas mais precisam. O outro é noturno, depressivo e sempre se veste de preto. As descrições servem para dois dos mais populares heróis dos quadrinhos, Superman e Batman, respectivamente. E também para os dois mais influentes líderes de bandas do chamado pós-punk, movimento musical surgido no final da década de 1970, na Inglaterra, que deu uma refinada na agressividade crua da geração anterior: Morissey, dos Smiths, e Ian Curtis do Joy Division.

Foram estas associações que motivaram o designer gráfico curitibano Butcher Billy a produzir sua mais recente série de ilustrações, The Post-Punk / New Wave Super Friends. O conceito do trabalho é misturar traços comuns da personalidade de heróis e músicos por meio da manipulação de imagens icônicas de ambos.

Uma isca poderosa. Quadrinhos e pós-punk são o prato do dia para milhões de fãs em muitos cantos do mundo. “O que eu mais escuto é: ‘você juntou as duas coisas que eu mais amo na vida’. Uma verdade que vale pra mim”, disse.

Ele explica que sua arte é baseada em apropriação. “Pego um desenho clássico, desenho de novo e mudo a cara. A arte na internet e arte de rua são baseadas nisso. O Andy Warhol já fazia isso nos anos 1960. O que é faço é pegar este conceito de pop art e traduzir para a tecnologia e iconografia atual”, analisa.

A estratégia de Billy sempre foi misturar. No final dos anos 1990 ele já conseguia “viralizar” na internet fazendo mash-ups de música de estilos diferentes. Já a persona do Butcher Billy foi forjada por esta necessidade, após uma temporada em Londres onde viveu quatro anos num esquema parecido com o de muitos jovens latino-americanos – em repúblicas nos bairros boêmios, trabalhando em bares, tentando emplacar projetos de arte. “Quando voltei, vi que tinha que usar o que aprendi para misturar as linguagens da cultura pop que admiro, como música, cinema, quadrinhos e games”, conta.

A primeira série que produziu, Dead Rockers, bombou. Usava imagens clássicas e manipuladas de roqueiros mortos para parecer que eles estavam usando a tecnologia corrente. Johnny Cash fazendo selfie no Instagram ou Kurt Cobain jogando em um tablet, para a ira dos fãs do Nirvana.

“Fiz de brincadeira e coloquei no Behance (a rede social de ‘criativos’). A coisa deu a volta ao mundo. Era uma provocação. Metade das pessoas gostou muito; a outra metade se ofendeu. Senti que a coisa estava no caminho certo”, afirma.

Nenhum trabalho seu teve tanta repercussão como o último. Para ter uma ideia, no mundo virtual o ator Mark Ruffalo (o Hulk de Os Vingadores) e o diretor James Gunn (Guardiões das Galáxias) replicaram seu trabalho. Na vida real, a venda das ilustrações já superam de longe os rendimentos seu emprego “normal” como diretor de arte de uma agência digital em Curitiba.

Três acordes

O artista afirma que o mais importante em seu trabalho é usar as técnicas mais simples para causar o maior impacto possível. “Sei que não sou o melhor ilustrador. Minha política interna é nunca demorar mais que um dia para fazer uma ilustração. Aquela coisa, três acordes”, resume.

A próxima série, revela, vai “sacanear” uma de suas maiores inspirações, o veterano artista de rua britânico Banksy. “Fiquei anos me perguntando como fazer para desmoralizar as coisas que ele faz e que para mim são nobres, com conceitos e atitudes que admiro. Agora surgiu uma ideia. Vamos ver se dá certo”.

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