
Em 2009, o artista Ygor Marotta ainda não conhecia Cecilia Soloaga – que juntos formam a dupla VJ Suave, reconhecida internacionalmente pelos trabalhos de intervenções digitais urbanas – quando criou o bordão “Mais amor por favor”. A mensagem, escrita pela primeira vez em um muro com caneta marca texto ganhou as redes sociais e as ruas, e permeia ainda hoje o trabalho dos dois, que inauguram nesta terça-feira (12) a instalação Folclore Digital, na Caixa Cultural.
No trabalho, que mistura grafite digital, poesia e personagens de animação, a dupla explora quatro histórias famosas: o boto cor-de-rosa, curupira, mula sem cabeça e saci-pererê. Além das tramas em si, eles desejam que o visitante viva um contato sensorial com a natureza, usando os seus quatro elementos principais (terra, fogo, ar e água).
“O folclore brasileiro faz parte da nossa sabedoria popular, mas ao mesmo tempo, as lendas são muito esquecidas. Queremos resgatar isso e trazer ao espectador a sensação da chuva, da celebração”, explica Marotta.
Além da “vida” para as antigas lendas por meio de video mapping (projeções em superfícies irregulares), a dupla apresenta trilha sonora com referência de tambores africanos e música indígena. O artista também salienta que os trabalhos utilizam a animação tradicional, de quadro a quadro. “Temos que desenhar muito para um único segundo de animação.”
Circulação
Vários projetos do VJ Suave (que já gravaram quatro curtas-metragens) foram exibidos em países como a Espanha, Suíça e Eslováquia. “Quando conheci a Ceci, eu desenhava e ela era da área de animação. E aí resolvemos começar a projetar os desenhos em uma escala maior, dar vida a eles. Depois do curta Run e do Homeless, vimos que nosso trabalho dava certo na rua”, conta Ygor.
Os dois também inventaram um método para que as projeções urbanas não envolvessem carros, e bolaram a suaveciclo: as duas bicicletas foram equipadas com projetores, computador e equipamento de som.
Fora a metodologia própria, Ygor e Cecilia buscam divulgar sempre a essência do “mais amor por favor”. “Em cada lugar que vamos, a gente monta uma colagem para divulgar essa mensagem. A gente vive num caos, a cabeça das pessoas está em outro lugar, de tanta violência. As pessoas esqueceram de uma coisa tão simples, do amor, que não é o amor romântico, mas sim do respeito, do carinho e da gentileza. Queremos resgatar isso”, salienta o artista.



