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Marina Abramovic escolhe artistas curitibanos

Dois nomes locais foram selecionados pela sérvia, figura mundial da performance art, para participar de uma mostra retrospectiva em SP

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Representante maior da arte performática, Marina Abramovic esteve em Curitiba no fim de 2013. Sua passagem por aqui foi sem alarde: provavelmente, ela não pegou o Interbairros II como Nick Cave, nem deu uma “canja” no Gato Preto, como o cantor Julio Iglesias. Mas veio à capital paranaense para entrevistar um xamã da cidade, para um documentário sobre espiritualidade e energia.

Além do material para seu filme (que deve estrear neste ano), assistiu ao vivo a uma performance de Maikon K, nos fundos do Museu Oscar Niemeyer (MON). Ele e o também curitibano Fernando Ribeiro fazem parte de um grupo de oito artistas selecionados pela sérvia no início de 2014 para integrar a exposição Terra Comunal – Marina Abramovic + MAI, que inaugura no dia 11 de março no Sesc Pompeia, em São Paulo.

“Depois da apresentação, ela perguntou se eu poderia fazer o trabalho por mais horas, e me deu esse desafio de transformar a obra”, conta Maikon K. A performance DNA de DAN acontecerá dentro de um ambiente plástico transparente, em uma área externa nos fundos do Sesc.

O público poderá entrar no espaço e observar o performer que, imóvel, “transformará” o seu corpo com uma substância líquida que criará uma espécie de segunda pele. A pesquisa para esse trabalho, explica Maikon, partiu de uma simbologia da serpente africana, e de sua relação com a estrutura em espiral da molécula de DNA. “Muitos enxergam DAN como a origem da vida e o conhecimento. Parto desse tema, com uma leitura bem pessoal.”

Vai ser a primeira vez que o artista, de 32 anos, se apresentará fora de Curitiba. DNA de DAN ficará por quatro dias em cartaz (10,12,13 e 14 de março), durante cinco horas diárias.

Remington

Fernando Ribeiro, um dos promotores da performance art no estado, curador da P.Arte – Mostra de Performance Art criada em 2012 com Tissa Valverde (eles fazem uma exibição mensal na Bicicletaria Cultural), e também responsável pela área na Bienal Internacional de Curitiba 2015, ficará confinado no Sesc durante os dois meses da mostra de Marina. No período de trabalho – de oito horas diárias – ele vai datilografar em sua Remington 25 portátil, de seis quilos, em diversas áreas do Sesc Pompeia, na performance O Datilógrafo.

Apresentada originalmente em 2009 em Curitiba, no Sesc da Esquina, a “versão 2015” passou por algumas modificações. Além de transformá-lo em um trabalho duracional, a pegada desta vez é mais introspectiva.

“Em 2009, eu me relacionava mais com o público e expunha os textos nas paredes. Dessa vez, não vou me comunicar com as pessoas, somente através dos textos [um repositório guardará as páginas no espaço] e da máquina. Vou me fechar”, fala Fernando, que se preparou fisicamente com meses de antecedência, com a prática de natação e musculação, para evitar lesões causadas pelo movimento repetitivo.

Seu maior desafio foi, justamente, fazer com que o trabalho durasse mais horas. A técnica de datilografar ele já domina há anos: fez vários cursos na adolescência e foi estagiário em uma escola.

“A Marina queria performance de longa duração, o que não é muito a minha praia. Nunca foi uma questão que coloquei pra mim, então é bacana essa provocação. Meu trabalho também tem relação com a ação, sempre. Então, eu precisava criar algo em que eu agisse oito horas por dia”, diz.

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