Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Fotografia

As ocasiões cruciais de Flávio Damm

Retrospectiva da carreira do fotógrafo, considerado um dos discípulos de Cartier-Bresson, abre hoje com bate-papo na Caixa Cultural

Imagem do padre de um vilarejo foi capturada no intervalo de uma pauta, no sertão brasileiro. | Flávio Damm
Imagem do padre de um vilarejo foi capturada no intervalo de uma pauta, no sertão brasileiro. (Foto: Flávio Damm)
O fotógrafo faz apenas registros em preto e branco, com câmera analógica. |

1 de 5

O fotógrafo faz apenas registros em preto e branco, com câmera analógica.

Um ponto de referência claro na imagem é outra característica do fotógrafo |

2 de 5

Um ponto de referência claro na imagem é outra característica do fotógrafo

Exposição na Caixa Cultural mostra os 66 anos de atuação de Flávio Damm |

3 de 5

Exposição na Caixa Cultural mostra os 66 anos de atuação de Flávio Damm

Damm atuou em publicações como O Cruzeiro, e na revista Senhor, além de agências de fotografia internacionais |

4 de 5

Damm atuou em publicações como O Cruzeiro, e na revista Senhor, além de agências de fotografia internacionais

Ele é considerado um dos fotógrafos brasileiros mais influenciados pelo francês Henri Cartier-Bresson |

5 de 5

Ele é considerado um dos fotógrafos brasileiros mais influenciados pelo francês Henri Cartier-Bresson

O fotógrafo gaúcho Flávio Damm tinha 11 anos quando decidiu que o que faria da vida era "ver pelos outros", explicação dada pelo seu pai quando o garoto questionou como as imagens da Segunda Guerra Mundial chegavam aos jornais. Aos 14 anos, fez sua primeira fotografia, no interior do Rio Grande do Sul, imagem que marca o início da exposição Passageiro do Preto & Branco – Fotografias 1946-2012, que abre hoje na galeria da Caixa Cultural, com bate-papo com Damm, às 19 horas, falando sobre os seus 66 anos de atuação.

FOTOSA: Veja algumas fotos da exposição de Flávio Damm

Contrariando a vontade do pai, que gostaria que ele seguisse carreira no Direito ou se tornasse funcionário público, Flávio Damm chegou a prestar vestibular, mas não seguiu o curso. Na fotografia, foi autodidata – aprendeu lendo em publicações estrangeiras e no cotidiano de fotojornalista. Começou na Revista do Globo, em Porto Alegre, quando substituiu o fotógrafo alemão Ed Keffel (refugiado do nazismo), de quem tinha sido auxiliar de laboratório. Depois, foi morar no Rio de Janeiro, e atuou em publicações como O Cruzeiro, Senhor, e em agências internacionais, como a Globe Photos.

Dos anos de fotojornalismo, guardou histórias curiosas. Foi preso duas vezes por contrariar ditaduras militares, no Brasil e na Argentina. Na segunda, foi escalado para cobrir a posse de um embaixador brasileiro em Buenos Aires, mas como os Diários Associados, grupo proprietário da O Cruzeiro, eram desafetos do governo argentino, ele era proibido de estar lá. Damm foi solto, e acabou em uma reunião de jornalistas na Casa Rosada, onde fotografou o presidente argentino Juan Domingo Perón e a mulher dele, Evita, em um piano. Também ia atrás de casos que chegavam para a revista por cartas: conheceu em uma cidade no interior da Bahia uma senhora que tinha se casado 13 vezes, e ficou viúva 12. As incursões pelo Brasil e pelo mundo lhe renderam, além das prisões, três malárias e um acervo de 60 mil negativos.

Momento decisivo

Porém, não são os retratos de personalidades da política ou imagens de fatos retratados por Damm, como a coroação da Rainha Elizabeth II, que estão na exposição. A intenção foi fazer uma retrospectiva com foco nas características técnicas e artísticas de suas fotografias, realizadas nos intervalos de suas pautas jornalísticas e viagens. Também é bastante perceptível a influência do francês Henri Cartier-Bresson (1908-2004), que propagou a ideia de retratar um instante decisivo, além de trazer na imagem um ponto claro de referência. "Preferimos as fotos sem pessoas conhecidas, o que acaba, muitas vezes, puxando a atenção", explica o curador Felipe Taborda, responsável pela seleção das 80 fotos.

Damm não se rendeu aos mecanismos digitais: não abre mão da câmera analógica, bem como da fotografia em preto e branco, além de utilizar somente lente normal – sem grande angular ou teleobjetiva. Mas o "segredo" mais visível nas imagens do fotógrafo é a sutileza. "Me aproximo das cenas como um gato, e fujo como um rato", faz questão de salientar.

Veja algumas fotos da exposição de Flávio Damm

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.