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O músico e compositor Marcelo Yuka, baterista do grupo F.U.R.T.O, ficou paraplégico depois de ter sido vítima de seis tiros em um assalto em 2000. Em entrevista ao Globo Online, Marcelo desabafa sobre a violência que assola o Rio de Janeiro e comenta o incidente que resultou na morte do guitarrista do grupo Detonautas, Rodrigo Netto, o Nettinho .

Marcelo também foi vítima da violência urbana e passou por uma situação semelhante há três anos, quando entrou em uma rua onde estava acontecendo um tiroteio, na Tijuca. Na hora o músico tentou dar marcha ré no intuito de sair do local, mas logo atrás havia outro carro com bandidos que dispararam em sua direção.

- Assim achei que conseguiria sobreviver. Se na hora alguém tivesse chegado pra mim e me pedido o carro, a certeira, tudo, eu daria. Porém, não foi isso que aconteceu. O perigo iminente faz com que você reaja no intuito de sair daquela situação, como se nada fosse te acontecer, você só quer sair daquele terror - contou Yuka.

O músico lembra que se negou a comentar o caso por seis meses por não querer dar notoriedade ao incidente por se tratar de um artista.

- Por que o meu caso tem que ganhar notoriedade se isso é uma realidade e já é uma estatística? Isso acontece todos os dias com cidadãos comuns e essas pessoas não têm essa visibilidade. São pessoas que não têm rosto, não têm identidade... A bala perdida hoje virou uma espécie de fatalidade espiritual - questionou o músico, que fez uma ressalva de como a população encara uma bala perdida como destino e não a enxerga como reflexo da violência.

Marcelo também ressaltou que o caso acontecido na Zona Norte da cidade não é uma exceção. Casos como o dele e de Rodrigo Netto também se tornaram hábito por bairros da Zona Sul.

- Acho que tanto eu quanto o Rodrigo carregamos uma carga maior por sermos pessoas de bem e que temos bens. Isso não acontece mais só nas regiões de baixa renda. A situação hoje mostra que qualquer um pode ser vítima diz Yuka.

Para o músico, a situação também traz ensinamentos

- Que isso seja um alerta para a população de como está o nosso país onde os fatos sempre se calam, são esquecidos. A Justiça pode ser feita, mas nada vai trazer de volta a vida do Rodrigo para a família e os seus admiradores.

O ex-baterista e compositor do grupo O Rappa, Marcelo Faria Pontes, o Marcelo Yuka, de 35 anos, foi baleado na noite de 9 de novembro de 2000, depois de tentar escapar de um tiroteio na esquina das ruas Andrade Neves e José Higino, na Tijuca. Foram mais de 15 disparos contra o músico. Entre outros ferimentos, uma das balas se alojou na segunda vértebra toráxica, deixando-o paraplégico.

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