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Balé Teatro Guaíra aborda violência contra mulher em nova versão de “Carmen”

Em sua última apresentação do ano, companhia faz homenagem às mulheres atualizando a ópera clássica de Bizet

Montagem de 1875 será encenada pelo BTG de quinta a domingo | Cayo Vieira/Divulgação
Montagem de 1875 será encenada pelo BTG de quinta a domingo (Foto: Cayo Vieira/Divulgação)

Em um paralelo perverso, 141 anos separam a ópera “Carmen”, de Georges Bizet, da estatística de quase cinco mil mulheres mortas anualmente no Brasil. Em 1875, Bizet chocou a aristocracia francesa ao dar vida à novela de Prosper Merimée, narrando a trajetória de uma mulher que é morta pelo companheiro porque ele não queria vê-la com outro homem. Na ficção, Carmen é morta pelo ciúme de Dom José. Na realidade brasileira, 13 mulheres são assassinadas diariamente vítimas de violência de gênero, segundo o Atlas da Violência 2016 produzido pelo IPEA.

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Em homenagem à “força feminina”, o diretor e coreógrafo Luiz Fernando Bongiovanni e o Balé Teatro Guaíra encenam “Carmen”, na última apresentação do BTG do ano. Em cartaz no Teatro Guaíra desta quinta (16) até domingo (18), o balé encenará uma versão contemporânea da ópera clássica.

Um “twist” de interpretações de Carmen foi utilizado para compor o espetáculo apresentado pelo BTG este ano. A ópera foi encenada pela primeira vez em Paris em 1875 e ganhou inúmeras reinterpretações desde então. A mais famosa é a feita pelo Bolshoi, em 1967,em que a composição do francês Bizet foi substituída por uma versão mais moderna feita pelo russo Rodion Shchedrin.

Na apresentação contemporânea do BTG, a versão de Shchedrin foi a escolhida por Bongiovanni no intuito de atualizar “a tragédia do feminicídio no Brasil”. Segundo a bailarina Malki Pinsag, que dará vida a Carmen no espetáculo, a exigência do coreógrafo é que “os bailarinos mantenham uma comunicação simples e constante com a plateia”, para transmitir a história sem o apoio de elementos externos, “apenas com os movimentos do corpo”.

Para tanto, a coreografia foi construída entre os bailarinos a fim de “valorizar a dança pessoal de cada um, de modo a manter a singularidade artística do bailarino”. “Vir com a coreografia pronta e pedir para que a imitem impede que o bailarino se aproprie daquela história, gerando uma representação muito superficial”, diz Bongiovanni, explicando a proposta da dança contemporânea estipulada para o projeto.

“A verdade das personagens carregadas de humanidade são fundamentais para que o público entenda a dimensão da prosopopeia de ‘Carmen’”, acredita o coreógrafo.

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