
Menos luxuoso, não dava para ser. Afinal, trata-se de um livro ilustrado sobre o Queen, banda que, em 20 anos de história com o vocalista Freddie Mercury, mais do que ajudou a atrair para o rock adjetivos como extravagante, grandioso, pomposo e glamouroso. Queen: História Ilustrada da Maior Banda de Rock de Todos os Tempos reúne, num pesado volume, mais de 500 imagens do grupo no palco, fotos raras dos integrantes, itens de memorabilia (cartazes de shows, capas dos discos em edições nos mais diferentes países, canhotos de ingressos), além de vários textos entre eles, um vasto ensaio biográfico do jornalista musical inglês Phil Sutcliffe, que acabou assinando a obra.
Colaborador da revista inglesa Mojo, Sutcliffe escreve sobre rock desde 1974. E diz que aprendeu algumas lições acompanhando a carreira do Queen e entrevistando os seus componentes. "Uma delas é a de que você pode ser excelente em tudo, das canções de vaudeville, ao rock-and-roll e à ópera, se você tem talento e dá tudo de si. Outra é a de que não há contradição entre montar um grande show e fazer música criativa", explica ele.
Uma das grandes questões sobre o Queen é a de como uma banda de rock gênero supostamente subversivo tomou para si, aparentemente de bom grado, o imaginário da nobreza. Mas Phil conta que, na verdade, a banda sempre tratou com muita ironia os símbolos reais de seu país. "No Reino Unido, nós temos essa relativa liberdade que permitia ao Freddie ostentar uma coroa mesmo no festival Live Aid, onde estavam o príncipe Charles e a princesa Diana. Ele fazia graça da monarquia e de si mesmo de uma vez só, já que todo mundo sabia que ele era uma queen (gíria inglesa para designar os homossexuais). E todo mundo riu no final", conta ele.
Depois de 1976, com a chegada do punk de bandas como o Sex Pistols (que xingavam a rainha em suas músicas), o Queen virou uma espécie de saco de pancadas da crítica musical inglesa, que desprezava a sua pompa nada revolucionária (e o livro conta até como foi o breve e hilariante encontro entre Freddie e o baixista dos Pistols, Sid Vicious). Mas Phil vê a questão de uma outra forma, que nada tem a ver com o punk. "Acho que as críticas, na verdade, coincidiram com o declínio da música do Queen. A era de "We Will Rock You"/"We Are the Champions" sempre me pareceu muito bombástica, um sinal do deslumbre com a fama e de uma tendência ao egocentrismo."
Originalmente editado em 2009, o livro de Phil Sutcliffe tem o título de The Ultimate Illustrated History of the Crown Kings of Rock ("A definitiva história ilustrada dos reis coroados do rock"). Concordaria o autor com o "maior banda" do título brasileiro? "Não. O Queen era sensacional. A música Bohemian Rhapsody é um feito de puro gênio. Mas eu cresci na era dos Beatles, que são difíceis de bater", diz ele, para quem o artista favorito é Bruce Springsteen e sua E Street Band.
Serviço:
Queen: História Ilustrada da Maior Banda de Rock de Todos os Tempos, de Phil Sutcliffe. Editora Globo, 287 págs., R$ 74,90.



