Mendelson não concluiu o documentário sobre o criador dos “Peanuts” por falta de recursos. Mas um ano após abandonar a filmagem do documentário “Um Garoto Chamado Charlie Brown” (título que não seria desperdiçado, pois batizaria a primeira incursão dos personagens no cinema, em 1969), Mendelson viu na proposta da CBS a chance não só de aproveitar o material já feito, mas de ir além.
O produtor intermediou as negociações entre o canal e Schulz, sem se esquecer, é claro, de Bill Melendez e Vince Guaraldi.
Em junho de 1965, ficou acertado que Schulz escreveria o roteiro e Melendez e sua equipe executariam o especial “O Natal de Charlie Brown”, com mais canções a serem compostas por Guaraldi, além de “Linus and Lucy”. Tudo supervisionado por Mendelson.
O problema é que o tempo (seis meses) e o orçamento (de US$ 150 mil, que estourou em US$ 25 mil) eram curtos para a produção, levando-se em conta que a computação gráfica ainda não era um recurso disponível. Começava a luta contra o tempo do quarteto Schulz-Mendelson-Melendez-Guaraldi, que conseguiu entregar o desenho só uma semana antes da data de exibição.
Melendez e sua equipe de 50 desenhistas produziram a toque de caixa por seis meses mais de 10 mil fotogramas, todos desenhados à mão. A animação teria quase meia hora na TV. Em condições normais da época, um desenho animado com essa duração exigiria no mínimo um ano para ser concluído, o dobro de tempo com que foi feito “O Natal de Charlie Brown”.
Como comparação, “Snoopy e Charlie Brown – Peanuts, o Filme”, cujo roteiro é do filho do criador dos personagens, Craig Schulz, e que usa recursos mais modernos de animação, teve três anos para ser concluído. A produção em 3D lançada nos cinemas dos EUA neste mês (e que estreia em 14 de janeiro no Brasil), com direção de Steve Martino, de “A Era do Gelo 4”, é a primeira que não leva a assinatura de Melendez, morto em 2008 aos 91 anos.



