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As versões nacional e original de A Guerra dos Tronos: R$ 30 de diferença que as editoras explicam pelo papel  de mais qualidade | Divulgação
As versões nacional e original de A Guerra dos Tronos: R$ 30 de diferença que as editoras explicam pelo papel de mais qualidade| Foto: Divulgação

São Paulo - Há mais de dez semanas no topo da lista de mais vendidos, A Guerra dos Tronos custa R$ 49,90 em português (Leya). Em edição de bolso – no original, em inglês –, o livro de George R. R. Martin sai por R$ 19 (Random House).

A diferença de R$ 30 (mais de 60%) ilustra um fenômeno que se intensificou com a queda do dólar: dos dez livros mais vendidos na categoria ficção, nove têm edição original, disponível nas prateleiras brasileiras, mais barata do que a impressa no país.

A disparidade ocorre apesar da imunidade tributária para o papel, prevista na Constituição, e de iniciativas similares. Em 2004, as alíquotas de PIS e Cofins foram zeradas, e o livro, desonerado em 4,3%, segundo a CBL (Câmara Brasileira do Livro).

Para as editoras brasileiras, a comparação soa injusta. "No Brasil somos muito mais criteriosos em relação à qualidade do material utilizado na capa e nas páginas internas", salienta Carla Rabetti, da Novo Século, que editou Despertada, de Kristin Cast e P. C. Cast (R$ 39,90 em português; R$ 21 em edição de bolso no original).

A compra de direitos autorais (cerca de 10% do preço final), o investimento em tradução e até a diferença dos idiomas pesam no preço.

O número de páginas de um romance escrito em inglês aumenta cerca de 20% após traduzido, diz o diretor editorial da Leya, Pascoal Soto.

A tradutora Denise Bottmann discorda. "Talvez aumente 5% ou 10%, mas muitas vezes nossa mancha [bloco de texto na página] é maior que no original ou o espaço entre linhas é menor."

Editor da Sextante, Tomás Pe­­reira reconhece a discrepância dos preços. "O livro nacional é, de forma geral, caro para o poder aquisitivo do brasileiro e acima do padrão internacional", diz.

Tiragem

Segundo editoras e especialistas, outra razão para que os estrangeiros sejam mais competitivos é a tiragem inicial, que tende a ser superior nos EUA e na Europa.

Pesquisa da CBL e do Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel) revela que a produção média no país é de 7 mil exemplares por título.

Entidades americanas como Association of American Publishers, Book Industry Study Group e Book Web dizem ser muito difícil precisar a tiragem média nos EUA, devido ao gigantismo do mercado. O ganho de escala é possível com uma expectativa melhor de vendas.

A redução de preços passa ainda por formatos mais econômicos. A Novo Conceito pretende lançar em setembro versões de bolso por R$ 9,90, como já fazem L&PM, Record e Companhia das Letras.

Em e-books, a diferença de preços também é percebida. Nos EUA, há obras que custam a me­­tade do que no Brasil. Comer, Rezar, Amar, de Elizabeth Gilbert, custa US$ 10,32 (ou R$ 16,14) no site da Amazon. A edição da Ob­­jetiva, em formato ePub, sai por R$ 31,90.

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