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Elis Regina era tão espevitada e capaz de mudar de humor com tanta facilidade que não demorou para começar a ser chamada de "Furacão". O apelido batiza a biografia da cantora, "Furacão Elis", reeditada agora pela Ediouro. Morta há 25 anos, a cantora teria completado 62 anos de idade no dia 17 de março.

Lançado originalmente em 1985 e resultado de mais de 100 entrevistas com pessoas ligadas à artista, o livro de Regina Echeverria revela logo no primeiro capítulo - "Sangue pelo nariz" - nuances da personalidade de Elis desde a adolescência e seus problemas com hemorragias nasais. "Ela era nervosinha", conta a biógrafa, que acabou se tornando amiga da biografada. "Tem uma foto de Elis recebendo uma coroa e as mãos fechadas sobre o rosto por causa do sangue que jorrava. Ela era assim, nervosa. Era coisa de criança."

Regina conta que acrescentou à reedição duas novas entrevistas, com o cantor Jair Rodrigues e Fernando Faro (produtor do programa "Ensaio", da TV Cultura). E diz que seu ponto de vista mudou desde o aniversário de 10 anos da morte da cantora. "Hoje não posso dizer que está esquecida. Acho que nesses 25 anos houve muitos lançamentos em CDs, DVDs. Acho que as pessoas se deram conta da grande cantora que a gente tinha perdido mesmo e como ela continua tão moderna, como a voz dela é bonita, e como é bom ouvir a Elis ainda."

Além da discografia completa e matérias publicadas na imprensa Brasil afora, o livro reúne centenas de fotografias que documentam a passagem de seus rápidos 36 anos. "Ela era muito danada", comenta Regina. "Quer dizer, danada, ela era uma pessoa muito normal, porque a gente reage, né? É humano reagir. Só acho que ela tinha mais coragem do que a média das pessoas, de dizer o que pensava, de assumir posições, de sentir ódio, raiva, amor, de ser humana. E ela não tinha vergonha disso. Acho bonito."

Autora das biografias de Cazuza, Pierre Verger, Gonzaguinha e Gonzagão (cujo livro vai servir de base para uma produção cinematográfica), além de Mãe Menininha do Gantois, a autora ressalta que o fato de ter conhecido Elis a ajudou bastante a montar seu perfil. "Cada um é cada um. Os problemas maiores que enfrentamos são como a memória das pessoas. Elas esquecem as coisas e eu vivo da memória dos outros. Mais dos outros do que minha."

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