Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Opinião

Bonito, mas chato

Um leitor, recentemente, escreveu um e-mail direcionado ao Caderno G, pedindo para que as repórteres mulheres não fossem mais designadas a escrever sobre "filmes de meninos". Peço licença aqui, caro leitor, mas fui convocada a colocar no papel os motivos que me levaram a achar Inimigos Públicos, em cartaz nos cinemas, um dos mais entediantes a que já assisti.

Era um domingo chuvoso. Mesmo diante da preguiça, me obriguei a sair de casa e ir ao cinema. As opções eram O Guer­reiro Genghis Khan e Ini­mi­gos Públicos. Achei que o primeiro daria sono e, como sou fã de Johnny Depp desde Anjos da Lei, optei pelo segundo. E me arrependi.

O filme demora a esquentar e não chega a ferver (perdão pela metáfora culinária, caro leitor, talvez eu devesse mesmo escrever apenas sobre comédias românticas). As cenas de ação são excessivamente coreografadas e os diálogos são fraquíssimos – não entendi o porquê de Johnny Depp contar com os serviços de um técnico de som particular, se mal se consegue ouvir o que seu "introspectivo" personagem resmunga.

Falta contextualização histórica: não fica claro o motivo que levou os norte-americanos a considerarem o ladrão John Dillinger um herói. O país vivia a crise causada pela Grande Depressão de 1929 e roubar dinheiro dos bancos era como tomar de volta o que havia sido tirado da população. No lugar de miséria e desemprego, o que se vê são carros de luxo, casacos de pele e ternos bem cortados.

Nem mesmo a história de amor vivida entre Dillinger e a balconista Billie Frachette (a encantadora Marion Cotillard) convence. A paixão arrasadora que a leva a ser presa como cúmplice (e que deveria servir para humanizar o personagem de Depp), perde o sentido quando ele morre ao lado de outra namorada, enquanto Billie vê o sol nascer quadrado. De bom mesmo, só a fotografia (de Dante Spinotti) e a canção "Bye Bye Blackbird", na voz de Diana Krall. GG

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.