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Show

Bons tempos para o Bonde do Rolê

Trio se apresenta em Curitiba neste domingo – um dos cada vez mais frequentes shows no Brasil. “Sinais dos tempos”, diz Pedro D’Eyrot

Homem segura pedra enquanto corre da polícia | REUTERS/Siphiwe Sibeko
Homem segura pedra enquanto corre da polícia (Foto: REUTERS/Siphiwe Sibeko)

Quando foi divulgada a participação de Caetano Veloso no novo disco do Bonde do Rolê, no fim de 2011, houve quem interpretasse a parceria como um sinal do fim dos tempos. "O pessoal disse que era 2012, que o mundo ia acabar", conta Pedro D’Eyrot, em entrevista por telefone para a Gazeta do Povo, DJ e produtor do trio, formado também por Rodrigo Gorky e Laura Taylor, que se apresenta neste domingo, às 21 horas, no James Bar.

A comoção se explica pela aparência insólita da participação: tratava-se de um medalhão da MPB envolvido com um grupo conhecido por trabalhar um gênero dos menos prestigiados na música brasileira – o funk carioca.

Meses depois, em meio a uma colheita de boas críticas a Tropical/Bacanal, lançado no Brasil em agosto, e de uma agenda cada vez mais cheia de shows no país, D’Eyrot confirma: algo realmente aconteceu com os tempos.

"Na época do With Lasers [primeiro álbum do grupo, de 2007, época de Marina Vello no vocal], quando a gente marcava quatro apresentações em um mês no Brasil, fazíamos festa. Nossa média era de dois shows por mês, enquanto fazíamos 20, 30 shows no exterior", lembra. "Esse mês, já tocamos 15 vezes por aqui. Demos sorte de lançar um disco brasileiro no momento em que é legal ser brasileiro."

Mistura

D’Eyrot se refere às referências ao baile funk, que o Bonde do Rolê continua a usar no novo disco, e que sempre foi visto pelo grupo como a "música eletrônica genuinamente brasileira" – interesse endossado pela atenção internacional que o trio criado em Curitiba recebeu em 2006. No Brasil, embora já fosse frenesi entre os jovens da classe média e alta, o gênero dividia opiniões. "Tinha gente que ia embora quando a gente tocava funk na balada, o que hoje seria absurdo", conta D’Eyrot.

Para o DJ, o público brasileiro perdeu parte do preconceito e é mais aberto à cultura popular e de massa hoje que há cinco anos. "Você vê o brega, a Gaby Amarantos na novela, os funkeiros e a Valesca Popozuda na tevê", conta.

A batida, no entanto, cede espaço para outros ritmos em Tropical/Bacanal: carimbó e guitarrada do Pará, punk, axé e forte presença do rockabilly surgem em hiperatividade – que, além de Caetano, traz outros convidados cultuados do indie internacional, todos com a participação intermediada pelo produtor executivo do disco, Diplo (uma figura importante no show business internacional). "É um bacanal, uma orgia de ritmos", brinca D’Eyrot.

Novo ritmo

Este ímpeto ao mesmo tempo globalizante e incorporador de elementos marginais e regionais da cultura brasileira, do cafona e da cultura de massa, até gerou uma filiação involuntária ao tropicalismo – justificada pelo nome do CD e pela participação de seu representante mor, Caetano. Todo o universo visual adotado pelo trio (que terá, dentre outras surpresas, bonecos de posto em formato de camisinhas no palco do James), também remete às extravagâncias do movimento.

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