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Cinema

Brichos e outros bichos

Estréia amanhã em salas de oito cidades brasileiras a primeira animação em longa-metragem do Paraná

Além dos sete postes derrubados, outros ficaram retorcidos | Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo
Além dos sete postes derrubados, outros ficaram retorcidos (Foto: Ivonaldo Alexandre/Gazeta do Povo)

O primeiro longa-metragem de animação do Paraná chama-se Brichos. O título é um trocadilho que dá uma boa pista sobre o filme dirigido por Paulo Munhoz e Tadao Miaqui. A idéia dos autores é falar da cultura e da identidade brasileiras por meio de personagens de desenho animado inspirados na fauna do país. É o caso do jaguar Tales, do quati Jairzinho e do tamanduá Bandeira, todos habitantes da Vila dos Brichos, ao lado de dezenas de outros animais, como a sapa Gauchesca, o tatu Caipira, o jacaré Rubinelson e o mestre Sucuri. Os bichos e suas hitórias podem ser conferidos nos cinemas a partir de amanhã, em oito cidades.

Com 14 cópias espalhadas pelo país, a estréia pode ser considerada ambiciosa. A distribuição e exibição de filmes nacionais são há muito chamadas de "gargalo" do mercado audiovisual brasileiro, que produz muito, mas exibe pouco. Brichos é uma exceção, ao ganhar as telas dos cinemas de Curitiba, São Paulo, Campinas, Rio de Janeiro, Ribeirão Preto, Tubarão, Canoas, Goiânia e Salvador. "Nós havíamos vencido um edital de distribuição da Petrobrás, mas, devido a uma mudança na lei, não pudemos receber o dinheiro", explica Munhoz. Mesmo sem a verba, a produção resolveu manter o plano de distribuição e bancou todo o processo.

O lançamento também demonstra a confiança que a equipe tem no filme. "O filme vem repercutindo bem entre o público de festivais. Em Brasília, fomos convidados e, em seis dias, mais de três mil crianças viram o filme", lembra Munhoz. A produção tem recebido cartas e e-mails de educadores e psicólogos, analisando e tecendo elogios ao filme. Na sessão especial realizada anteontem no Unibanco Arteplex, em Curitiba, houve aplausos. "Fiquei sabendo que poucas pessoas foram, mas todas demonstraram um grande entusiasmo."

Apesar dos elogios e da confiança no resultado, Munhoz guarda um pequeno arrependimento. "Há uma piada no crédito final que ficou muito longa. Gostaria de ter conseguido mudar isso. As pessoas saem muito cedo e perdem a piada. Daí podem tirar conclusões diferentes sobre o filme", avalia o cineasta.

A idéia do filme surgiu quando Munhoz e o animador Antônio Éder se deram conta de quanto a fauna brasileira é rica e ignorada pela memória brasileira. "Peça para alguém citar alguns animais brasileiros. É interessante essa não-ligação da memória com a nossa fauna, o que tem tudo a ver com o audiovisual, que é uma ferramenta poderosa. Ela funciona como o espelho de uma sociedade e, se a gente não está nesse espelho, a gente não se enxerga", explica o diretor.

Em 2004, o projeto foi premiado pelo programa Petrobrás Cultural na categoria longa-metragem. O roteiro de Érico Beduschi também foi selecionado, ao lado de outros nove projetos nacionais, para participar do Laboratório Sesc Rio de Roteiros Infantis, realizado em outubro de 2004.

Da equipe perticiparam Tadao Miaqui (diretor da animação Quando Jorge Foi à Guerra), creditado como co-diretor, o músico Vadeco, responsável pela trilha sonora e direção musical, além dos atores Mário Schoemberg, Marino Jr. e Enéas Lour, entre outros, responsáveis pela dublagem. "Foi um processo em grupo, com participação intensiva de todos", conclui Paulo Munhoz. Para o futuro próximo, o grupo planeja a realização de uma continuação, chamada o Brichos 2, é claro.

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