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A não ser pelo burburinho causado pela seletiva do programa "Britain’s Got Talent", que corria para sua terceira temporada, o mês de agosto de 2008 transcorria como qualquer outro na capital da Escócia, Glasgow. No meio dos desconhecidos que tentavam uma vaga para a final, uma senhora de 48 anos aparentando mais de 60 testava sua sorte. Susan Boyle chegou sem esperanças e no mês de abril do ano seguinte aportou no programa e viu a repercussão causada pela sua apresentação nas finais do show fazer o mundo a observar com olhar desconfiado. A curta história de Susan Boyle, a pata feia e rejeitada, ganhou mais um capítulo contundente no show biz na semana passada.

Seu primeiro disco, "I Dreamed a Dream" (Sony Music, R$ 19,90) chegou finalmente às lojas de todo mundo vendendo impressionantes 411.820 cópias na primeira semana, apenas no Reino Unido - batendo imediatamente o recorde do grupo Arctic Monkeys (de 360 mil cópias na Grã-Bretanha), além de se colocar como o CD com maior pedido antes de seu lançamento em toda a história do site Amazon.com.

A incrível jornada da desconhecida mulher que se tornou o maior sucesso mundial da música em 2009 e recordista de views no YouTube (com quase 100 milhões), segue amparada em seu enredo dramático. Depois da faixa-título do álbum "I Dreamed a Dream" ser tocada repetidas vezes durante meses, agora é a vez da versão para a canção dos Rolling Stones, "Wild Horses", ser a escolhida para "adestrar" mais gente.

Mamãe Noel

Com sua interpretação lírica, Boyle transformou a balada country dos Stones em mais uma peça comercial - que faria o jurado ranzinza Simon Cowell ter a mesma reação estupefata de quando escutou Susan soltar a voz no programa britânico pela primeira vez.

O disco conta com 12 faixas meticulosamente escolhidas para enternecer os corações dos fracos e oprimidos. Há uma versão de "You’ll See", de Madonna, e canções colocadas no forno para o Natal, como "Silent Night" (Noite Feliz), "Amazing Grace" e "Up To The Mountain". São baladas que na voz de Boyle ganham um contraste interessante. Imaginar que aquele rosto infeliz consegue alcançar notas tão cristalinas é brincar com o emocional de qualquer um.

Se antes a indústria chamava cantores com dotes líricos para interpretar faixas pop como nos casos de Sarah Brightman e Andrea Bocelli, com Susan Boyle a ousadia foi maior. Imagem, história e voz ganharam um contexto todo especial. Susan não só canta como carrega o histórico de uma mulher que sofreu na adolescência com os coleguinhas de classe, perdeu a mãe antes de se apresentar no Britain’s Got Talent e teve de ser hospitalizada tamanho o estresse que passou após ser arremessada ao estrelato.

Imaginar o que vem pela frente é exercício de futurologia. Como ficou claro, a indústria não precisa chorar o que perdeu na tola batalha com a música digital. Ela só precisa se reinventar. Corações chorosos não param de querer cada vez mais Susan Boyles em suas vidas.

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