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Música

Chegou a hora do samba

Luiz Melodia ressalta seu lado intérprete em álbum com canções dos anos 30, 40 e 50

Vídeo | RPC TV
Vídeo (Foto: RPC TV)

A idéia é antiga. Nascido no Morro do Estácio, no Rio de Janeiro, berço de grandes nomes do samba, o músico Luiz Melodia há tempos planejava gravar um disco só com canções da velha guarda. A hora chegou com Estação Melodia, que marca a estréia do artista na gravadora Biscoito Fino.

O disco começou a ganhar forma em 2006, quando o músico foi convidado para fazer um show em comemoração aos 70 anos do Teatro Rival, no Rio. Com um repertório de sambas de várias épocas, o show se tornou o ponto de partida para o disco. "Foi uma novidade para mim, porque até então eu não havia feito um show só com sambas", conta o músico em entrevista ao Caderno G.

O projeto levou Melodia a garimpar, junto a Jane Reis – sua mulher e empresária – , velhos discos de samba. "Foi um momento nostálgico. Eu sempre admirei o samba com passado, não esses atuais, logicamente muito diferentes. Eles sempre estiveram presentes na minha memória de garoto, quando eu ouvia com meus tios, vizinhos, e nas rodas de samba às quais, às vezes, meu pai me levava", explica o artista, filho do sambista Oswaldo Melodia, de quem regravou duas músicas no novo álbum: "Não Me Quebro à Toa" e "Linda Tereza".

Estação Melodia se debruça sobre o samba das décadas de 30, 40 e 50, resgatando pérolas nada óbvias do ritmo. A mais conhecida talvez seja o clássico "Tive Sim", de Cartola, escolhida para abrir o álbum, seguida de composições de sambistas como Alcebíades Nogueira e Arnaldo Passos, Geraldo das Neves, Geraldo Pereira, Ismael Silva e Jamelão e Mestre Galo, entre outros, além das composições de Melodia, o pai.

O clima do álbum é de suingue, sendo quebrado somente pela intimista "Papelão", de Geraldo das Neves; e "Nós Dois", única composição de Melodia do CD, em pareceria com Renato Piau.

O duo com Jane Reis, sua companheira, no delicado "Choro de Passarinho", de Renato Piau, Euclides Amaral e Rubens Cardoso, não destoa do conjunto, apesar de se tratar de uma composição mais contemporânea.

A escolha do repertório do disco foi, sobretudo, afetiva. Com a ajuda da mulher e dos músicos do show, Melodia foi delineando o conjunto do álbum. "Quando eu menos esperava já estava com tudo pronto", conta o artista, que procurou manter a originalidade das composições. "Com um toque de modernidade sim, mas muito sutil."

Apesar do respeito às versões originais, Melodia imprime um toque pessoal ao seu primeiro álbum como intérprete. Em "O Rei do Samba", de Miguel Lima e Arino Nunes, Melodia canta com classe o que poderia ser uma síntese do disco: "Eu sei que não sou majestade / Não tenho, nem quero coroa / Eu quero é cantar na cidade".

O carnaval dá as caras em "Eu Agora Sou Feliz", de Jamelão e Mestre Galo; e em "Linda Tereza", de Oswaldo Melodia, com direito à coro de As Gatas (Silvia Nara, Zenilda Barroso, Zélia Bastos e Francisca Germano).

Com uma carreira que flerta com o jazz, pop, samba e bossa-nova, Luiz Melodia sempre transitou com elegância entre diversos estilos. E, após cinco anos longe dos estúdios, o artista voltou requerendo seu espaço também como sambista: Estação Melodia sem dúvida o coloca ao lado dos grandes nomes do gênero. GGGG

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