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Cinema

Chiadeira em torno da Entrevista faz sentido?

Comédia de Hollywood que satiriza o líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, gerou discussões sobre censura e ameaças de hackers

Cena de A Entrevista: no filme, o ditador norte-coreano Kim Jong-un adora Kate Perry e basquete | Divulgação
Cena de A Entrevista: no filme, o ditador norte-coreano Kim Jong-un adora Kate Perry e basquete (Foto: Divulgação)

O próprio Kim Jong-un explica o problema: "Você sabe o que é mais destrutivo do que uma bomba nuclear? Palavras".

A questão, na verdade, não é posta exatamente pelo líder supremo da Coreia do Norte, mas por sua representação no filme A Entrevista. Nele, a frase do fictício Jong-un serve para traçar um imaginativo perfil de um ditador que se sentiria afetado pelo que os outros sempre teriam dito sobre ele, a começar pelo falecido pai, Kim Jong-il.

A realidade, se é que se pode ter certeza sobre alguma realidade nessa história, é que a trama de A Entrevista, uma comédia bem ao estilo dos outros filmes de Seth Rogen, caiu como uma bomba na já péssima imagem que a Coreia do Norte tem pelo mundo.

Com o filme enfim em cartaz nos EUA, é possível analisar se a chiadeira prévia da Coreia do Norte é justificável.

A Entrevista é uma típica história escrita por Seth Rogen (ele próprio assina a direção, em parceria com Evan Goldberg), com direito a piadas repetitivas sobre celebridades, indústria do cinema, uso de drogas e sexualidade. Há também uma dose forte de "bromance", a mistura de camaradagem e romance entre meninos que Rogen e a turma do produtor Judd Apatow (L igeiramente Grávidos) popularizaram no cinema.

A Entrevista gira em torno do produtor de tevê Aaron (interpretado por Rogen) e do jornalista Dave Skylark (James Franco), responsáveis por um programa de entrevistas com celebridades – logo no início, há uma cena ótima em que o rapper Eminem assume ser gay e diz que fica "chocado que as pessoas não tenham reparado antes". Enquanto isso, Kim Jong-un ameaça uma guerra nuclear contra os EUA, fato que leva Aaron e Dave a pedir uma entrevista com o ditador.

O pedido é aceito, e eles viajam para a Coreia do Norte, mas levam consigo uma missão, dada por agentes da CIA, de assassinar o ditador. A história, então, transcorre a partir das surpresas e descobertas da dupla ao visitar o país e conhecer Jong-un; uma situação muito parecida com a de Top Secret, comédia cult de 1984 do trio David Zucker, Jim Abrahams e Jerry Zucker, em que um roqueiro vivido por Val Kilmer viaja para a Alemanha Oriental.

A Entrevista é totalmente centrado na imagem satírica – e, por que não dizer?, preconceituosa – que a mídia ocidental, EUA à frente, faz da Coreia do Norte e da família Kim. Não que Jong-un não faça por merecer as críticas que recebe.

Aos 31 anos, no cargo de líder supremo da Coreia do Norte desde dezembro de 2011, quando o pai morreu, ele já ameaçou ataques nucleares contra os EUA e a vizinha Coreia do Sul. Mas o filme de Seth Rogen sugere que o ditador seria visto por seus conterrâneos como um deus que "não tem ânus porque não precisa".

Ainda de acordo com A Entrevista, os norte-coreanos passariam fome, e o governo do país manteria campos de concentração para aprisionar todos os inimigos do regime Kim.

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