
Com um espetáculo sobre as paixões de uma mulher de meia idade, A Loba de Ray-Ban (confira o serviço), versão feminina da peça escrita por Renato Borghi, estreou no Festival de Curitiba nesta terça-feira (23), no Teatro Positivo. A peça faz parte da Mostra Contemporânea e tem sua última apresentação nesta quarta-feira (24), às 21h.
No palco, a Medeia de Eurípedes expõe suas confusões quando o espetáculo é interrompido pela atriz que interpreta Medeia, Julia Ferraz (Christiane Tornoli), em meio a uma crise existencial. Deixando o texto de lado, Julia discute a relação com o ex-marido também em cena, Paulo Prado (Leonardo Franco), em frente à plateia.
Julia é uma mulher de 50 anos, bem-sucedida, dona de uma companhia de teatro. Foi casada por 10 anos e vive uma paixão com uma jovem atriz, Fernanda (Maria Maya) que trabalha na mesma companhia. Quando se vê abandonada pelos dois, Julia fica sem suporte e, a partir de uma mescla de memórias, tempo real e metalinguagem - e discussões sobre o teatro, ou sobre o fazer teatral -, o triângulo amoroso se desenvolve.
A trama trata principalmente das paixões da "loba", seja por seu homem, sua mulher ou sua companhia de teatro. Sentimentos como amor, ciúme e medo também são bastante discutidos. O romance homossexual é apenas um dos temas da peça, reforçado em momentos como a sensual cena de intimidade entre as moças.
Como Julia, Christiane Tornoli atende às expectativas, mas é Leonardo Franco quem se sobressai sem exageros.
Outro ponto forte é o cenário. Formado por cordas, cadeiras e cortinas, entre outros elementos, permite uma boa movimentação dos atores e consegue casar bem com um palco do porte do Teatro Positivo.
A peça tem momentos muito interessantes, mas às vezes se estende com diálogos dispensáveis. Ao fim, tem-se a impressão de que pelo menos meia hora poderia ter sido poupada, o que diminui um pouco do impacto que ela pode causar.
O Lobo
Na peça O Lobo de Ray-Ban, de 1987, era Raul Cortez (1932-2006) o centro da trama. Christiane Tornoli interpretava sua mulher e Leonardo Franco fazia o jovem ator por quem o personagem de Cortez se apaixonava.
A versão feminina também foi escrita por Renato Borghi a pedidos da atriz Dina Sfat que morreu antes encenar o papel. José Possi Neto também dirigiu as duas versões.



