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Música

Cícero lança um disco conciliador

Em seu terceiro álbum, o músico carioca encontra meio-termo entre o afeto da estreia e o hermetismo do segundo trabalho

“Acho que a letra atrapalha algumas imagens”, afirma Cícero. “Talvez consiga dizer mais se deixar só o tronco da ideia em texto.” | Mariana Caldas/Divulgação
“Acho que a letra atrapalha algumas imagens”, afirma Cícero. “Talvez consiga dizer mais se deixar só o tronco da ideia em texto.” (Foto: Mariana Caldas/Divulgação)

O cantor carioca Cícero Lins vem traçando uma trajetória particular. Sua projeção em 2011 aconteceu com uma rapidez incomum: o músico lançou um disco caseiro na internet, Canções de Apartamento, e viralizou. No disco seguinte, dois anos depois, abandonou parte do que era mais cativante nas primeiras canções para dar lugar ao hermético Sábado – um álbum melancólico e de identificação difícil.

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Com o recém-lançado A Praia, que o cantor apresenta em Curitiba nesta sexta-feira (24), no Music Hall (R. Engenheiros Rebouças, 1.645), Cícero parece ter chegado a um ponto de conciliação, que revela um retrato mais bem-acabado de seu estilo.

Sábado foi um disco que quebrou a ideia de que minha carreira se basearia só no Canções.... Mas ele dividiu opiniões. E ter que lidar com os dois olhares para mim foi uma grande escola”, conta o músico, em entrevista por telefone para a Gazeta do Povo. “Foi aí que entendi o que é ter uma carreira, uma discografia. Entendi um pouco melhor a função do disco hoje em dia, em que só se houve single, em que ninguém mais ouve álbum. Já pensando a respeito disso, fiz A Praia”, explica o músico, que admite não ter se esforçado para simplificar nada no trabalho anterior. “Ficou um disco um pouco mais difícil de gostar, de pegar para si. Já o Canções... era um disco muito mais fácil de dizer – ‘essa canção está dizendo o que eu quero dizer’. Ele tinha essa vontade. Nesse disco, a vontade não era nem uma coisa nem uma outra.”

Em A Praia, Cícero leva adiante o papel do desenvolvimento instrumental em suas composições, que ele não classifica como canções. Nesta linguagem, que ele parece ter consolidado a partir do disco anterior, a forma canção – apesar de voltar a surgir com melodias mais inspiradas – aparece fragmentada, inconclusiva. Na contramão da tradição da MPB que, junto com o rock alternativo, foi a principal influência de Canções.... “Tenho ouvido cada vez mais música instrumental e cada vez menos com letra”, diz. “Acho que a letra atrapalha algumas imagens. Acho que eu talvez consiga dizer mais se deixar só o tronco da ideia em texto e o resto em música.”

No que chama de um “disco de produtor”, o músico insere experimentos com elementos até então inéditos em seus arranjos, como a polirritmia produzida pelos violinos na faixa-título.

Os arranjos, que o músico considera tão importantes quanto qualquer outro aspecto das composições, lançam mão de naipes de sopro, percussões e células de ritmos brasileiros tradicionais, como em “O Bobo” e “De Passagem”. Não é, conforme ele mesmo diz, nem um disco de rock, nem de MPB.

Relembre o primeiro sucesso de Cícero, em 2011:

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