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Literatura

Cinco décadas de lutas e diferentes causas

Relato de Fernando Gabeira em novo livro de memórias revisa os seus 50 anos de vida pública e traz opiniões sobre fatos recentes da política brasileira

 | Luiz Alves/Divulgação
(Foto: Luiz Alves/Divulgação)
Livro: Onde Está Tudo Aquilo Agora? – Minha Vida na Política. Fernando Gabeira. Companhia das Letras, 200 págs. R$ 29,50 |

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Livro: Onde Está Tudo Aquilo Agora? – Minha Vida na Política. Fernando Gabeira. Companhia das Letras, 200 págs. R$ 29,50

É difícil resumir a figura e a vida pública de Fernando Gabeira – que, aliás, completa 72 anos neste 17 de fevereiro – a poucos papéis. Ao longo de sua trajetória, que já soma 50 anos somente de vida pública, ele não ficou conhecido por apenas um feito. O revolucionário que participou do sequestro do embaixador Charles Elbrick durante um dos períodos mais duros da ditadura militar adotou causas ecológicas, foi deputado e ativista. Nos últimos anos, candidato à prefeitura e ao governo do Rio de Janeiro, foi derrotado. Mais recentemente, também se especulou que concorrerá à presidência em 2014 (algo que nega). Esse caminho de cinco décadas é revisado por Gabeira em Onde Está Tudo Aquilo Agora? – Minha Vida na Política, lançado pela Companhia das Letras. Gabeira publicou, ao voltar do exílio, o grande sucesso O Que É Isso Companheiro?, em que contava suas experiências daqueles anos.

Nascido na Avenida Garibaldi, 407, em Juiz de Fora, pelas mãos de uma parteira, os relatos da infância de Gabeira já davam sinais de que ele não seria um adulto muito afeito ao comum. Menino, reunia-se com os amigos do bairro e causava alguns problemas ao pai que, paciente, repreendia as travessuras sem tanto rigor.

Preocupados com a educação dos filhos, os pais de Gabeira, apesar das condições humildes, faziam questão de pagar boas escolas, onde ele, aliás, realizou o seu primeiro ato político: organizou um abaixo-assinado para tirar o professor de matemática, e convenceu os colegas a não voltarem atrás. Um pouco mais crescido, foi parar em um internato no interior de Minas Gerais, para que aprendesse a respeitar melhor os horários e regras, ganhasse um "corretivo". Não adiantou, já que o local era mais conhecido pela qualidade do ensino do que pela rigidez.

Gabeira conta também como se envolveu no jornalismo, fala sobre a experiên­cia em veículos nos quais atuou em Belo Horizonte (onde disse ter ficado "de passagem") e no Rio (cidade onde queria se fixar desde jovem, o que conseguiu quando ocupou uma vaga no Jornal do Brasil). A entrada na clandestinidade é descrita com naturalidade, bem como os detalhes do casarão onde ele e seu grupo esconderam Elbrick, até o dia da prisão e das torturas (que não tomam mais de poucas linhas do livro). Sobre o exílio, disse que foi "felicidade no momento."

Mensalão

Se em grande parte dos capítulos a narração é centrada em fatos da vida de Gabeira que já são mais do que conhecidos, os últimos são os mais interessantes do livro, e ajudam a entender fatos recentes da história política brasileira. Ele faz uma reflexão sobre sua atuação como deputado (por 16 anos) e fala das campanhas para a prefeitura e o governo do Rio de Janeiro. Relata ainda as diferenças com o PT e o escândalo do mensalão, que o "entristecia" como muitos temas que ele disse serem negligenciados pelo então governo Lula, como o desmatamento da Amazônia e a morte de crianças guaranis-caiuás em Dourados – episódio que ele diz ter ficado "engasgado na garganta." GGG

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