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Festival

Cine PE consagra "Árido Movie" com seis prêmios

"Árido Movie", do diretor pernambucano Lírio Ferreira, foi o grande vencedor do 10º Cine PE-Festival do Audiovisual. A produção ganhou seis prêmios: melhor filme, direção, fotografia, montagem, ator coadjuvante (Selton Mello) e prêmio da crítica. O encerramento do evento aconteceu na noite deste sábado, no Cine-Teatro Guararapes, em Olinda.

Co-diretor de "Baile Perfumado" (1996), um dos mais elogiados filmes da retomada do cinema brasileira dos anos 90, Lírio Ferreira fez o pronunciamento mais polêmico da premiação. Ao receber seu troféu como melhor diretor, Lírio afirmou:

- Está todo mundo muito animado, está todo mundo produzindo, mas a gente não está tão saudável como deveria. A quem interessa esse cinema que a gente está fazendo, esse cinema de Beto Brant, Cláudio Assis, Marcelo Gomes, se o público não tiver sua resposta? É muito triste saber que numa única sessão aqui eu tive mais público que alguns filmes numa semana. Os produtores, os cineastas estão discutindo isto. Acho que o público devia discutir isso também.

O comentário do diretor recebeu aplausos e algumas vaias.

Mais conciliador, o ator Selton Mello confessou um certo "encabulamento" por receber o troféu num filme "com tantos atores coadjuvantes de talento" e disse estar recebendo o troféu representando todos eles.

A comédia "Tapete Vermelho", de Luiz Alberto Pereira (SP) ganhou três troféus: melhor roteiro, ator (Matheus Nachtergaele) e atriz (Gorete Milagres). Matheus agradeceu ao diretor pelo papel e "a Mazzaropi pela inspiração". O enredo trata da obsessão de um sitiante em mostrar ao filho um filme do comediante Mazzaropi no cinema.

Muito emocionada, a atriz Gorete Milagres destacou a importância deste prêmio para sua carreira:

- Sou uma atriz que fez teatro em Belo Horizonte mas, depois que fiz a Filomena, que é um papel que adoro e do qual sobrevivo, sofri o estigma de ter um personagem só. Este prêmio vai me ajudar a superar isso.

Gorete também agradeceu a Matheus Nachtergaele, que a indicou para o papel de Zulmira, sua mulher em "Tapete Vermelho".

Outros três prêmios foram concedidos ao desenho animado "Wood & Stock - Sexo, Orégano e Rock'n'Roll", de Otto Guerra (RS): prêmio especial do júri (dividido com o documentário "Pro Dia Nascer Feliz", do diretor carioca João Jardim), trilha sonora e o prêmio mais surpreendente da noite, o de melhor atriz coadjuvante para a roqueira Rita Lee, que faz a voz da personagem Rê Bordosa.

Os agradecimentos de Otto Guerra foram os mais engraçados da premiação. Recebendo o prêmio de atriz coadjuvante em nome de Rita Lee, ele explicou sua ausência:

- A Rita ia vir, mas bebeu, ficou de ressaca e não veio.

Mais irônica foi a produtora do filme, Marta Machado, ao receber o troféu de trilha sonora:

- Dedico este prêmio a Sérgio Dias, que inviabilizou o uso das músicas dos Mutantes e nos levou a usarmos a música de outras bandas.

A produtora se referia a um dos integrantes do grupo dos anos 60 e 70, que era integrado pelos irmãos Sérgio Dias e Arnaldo Batista e também por Rita Lee. Sérgio Dias, segundo Marta Machado, pediu uma quantia muito alta para que a produção pudesse utilizar três músicas dos Mutantes, que eram a base do roteiro original, forçando uma total reestruturação do filme.

"Veias e Vinhos", drama de João Batista de Andrade a partir do romance do escritor goiano Miguel Jorge, recebeu dois prêmios: direção de arte e edição de som. Outra produção pernambucana, o documentário "Orange de Itamaracá", de Franklin Jr. e Márcio Câmara, venceu apenas o prêmio de melhor longa para o público.

Na seção de vídeos nordestinos, o melhor, para o júri e para a crítica, foi a produção paraibana "O Menino e a Bagaceira", de Lúcio Vilar, que retrata o drama pessoal de Sávio Rolim, protagonista do filme "Menino de Engenho", de Walter Lima Jr. (1965). O público preferiu a animação "Somos Somos", de André Pyrrho e Paulo Fialho (PE).

Entre os curta-metragens, o melhor para o júri foi outra animação, o erótico "Deu no Jornal", de Yanko Del Pino (DF). O público e a crítica preferiram "Eletrodoméstica", de Kleber Mendonça Filho, que venceu também o prêmio de melhor atriz de curta para Magdale Alves, pernambucana que foi a verdadeira musa deste festival, por sua participação em diversas das produções concorrentes (inclusive o vencedor em longas "Árido Movie").

A premiação não despertou reclamações, de maneira geral. O balanço também foi positivo para a seleção de filmes, tanto longas quanto curtas, uma das melhores da história do festival.

O mesmo não se pode dizer da locutora oficial do festival, Graça Araújo, que teve uma de suas noites mais desastrosas. Errou diversos nomes de filmes, fez uma chamada confusa dos premiados, tentou organizar mas acabou confundindo ainda mais a entrada e saída de pessoas no palco do Cine-Teatro Guararapes.

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