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Há dez anos, o casal Laís Bodanzki e Luiz Bolognesi colocou um projetor no porta-malas do carro e seguiu viagem pelo Brasil. Era o projeto Cine Mambembe, que percorreu mais de 15 mil quilômetros apresentando filmes brasileiros para o público das cidades menores e das periferias dos grandes centros. A experiência foi retratada pela dupla no documentário Cine Mambembe – O Cinema Redescobre o Brasil.

Na seqüência, o casal realizaria Bicho de Sete Cabeças – roteiro de Bolognesi e direção de Bodanzki –, um dos principais filmes da retomada do cinema brasileiro, que revelou o ator Rodrigo Santoro no cinema. Mas o desejo de continuar o Cine Mambembe sempre existiu, tanto que Laís e Luiz inscreveram a proposta em leis de incentivo. "Queríamos tornar o projeto mais profissional. Mas não achávamos interessados porque nosso público-alvo não tem poder aquisitivo", lembra Bodanzki.

Em 2004, uma empresa que avalia projetos culturais indicou a proposta para a CCR (Companhia de Concessões Rodoviárias), empresa responsável por algumas das principais rodovias do país – incluindo o sistema RodoNorte, no Paraná. "Eles estavam procurando um projeto cultural itinerante para levar para as cidades das rodovias que controlam. Foi um encontro perfeito para ambas as partes", revela a diretora sobre a criação do Cine Tela Brasil. Depois de passar os últimos dois anos por 61 cidades de São Paulo e do Rio Janeiro, apresentando mais de 700 sessões de cinema para um público de 140 mil espectadores, o projeto chega hoje ao Paraná para apresentar filmes brasileiros ao público de 19 cidades do estado.

A abertura da fase paranaense acontece hoje, no Parque Victoria Hall (antigo Jockey Lounge Bar, no Tarumã), onde foi montada a estrutura do cinema itinerante. Às 16 horas, será apresentado o longa-metragem 2 Filhos de Francisco, de Breno Silveira, com a presença de Zezé di Camargo e Luciano, padrinhos do projeto. Às 20 horas, haverá um coquetel de lançamento do Cine Tela, com a exibição do curta-metragem O Sanduíche, de Jorge Furtado (Meu Tio Matou um Cara), com a participação da dupla sertaneja e da atriz Dira Paes, que protagoniza 2 Filhos de Francisco.

Nos dias 8, 9 e 10 a tenda do Cine Tela estará na Av. Tijucas do Sul (ao lado da Unidade de Saúde), no Bairro Novo, seguindo depois para visitar 18 cidades do interior do Paraná (leia quadro abaixo) – todas fazem parte do sistema RodoNorte, controlado pela CCR. Além da fita de Breno Silveira, a caravana vai apresentar o longa infantil Tainá 2. "Sempre exibimos um filme infantil e outro adulto. Como a pessoa geralmente está indo pela primeira vez ao cinema com o nosso projeto, selecionamos filmes que façam com que a experiência seja realmente positiva. São produções de qualidade que ao mesmo tempo são acessíveis ao grande público", conta Laís. Os filmes apresentados nas etapas anteiores foram Bendito Fruto, Lisbela e o Prisioneiro, O Grilo Feliz e Castelo Rá-Tim-Bum.

As exibições dos filmes acontecem três dias por semana, em quatro sessões gratuitas por dia, sendo duas vespertinas (Tainá 2), e duas noturnas (2 Filhos de Francisco). O equipamento e a sala desmontável viajam num caminhão. "A parceria com a CCR permitiu que montássemos a estrutura que sempre sonhamos, da forma que achávamos que o público merecia receber os filmes, com a qualidade de projeção 35mm, uma tela grande, sistema dolby, sala com ar-condicionado, cadeiras confortáveis, tapete vermelho na entrada, enfim, com todo o ritual do cinema", diz Bodanzky. O Cine Tela Brasil segue no Paraná até outubro deste ano – ainda não foi definida a próxima etapa do projeto.

Quanto aos projetos em cinema, Laís informa que em setembro começa a filmar seu novo longa, que tem o título provisório de União Fraterna. Ela e Bolognesi ainda desenvolvem uma série de documentários para a tevê sobre as guerras no Brasil e um longa de animação sobre o mesmo tema.

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