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Branca Messina e Erom Cordeiro em "Vingança" | Divulgação
Branca Messina e Erom Cordeiro em "Vingança"| Foto: Divulgação

Logo nos primeiros 30 minutos de exibição, cerca de 20 espectadores deixaram a sala onde "Vingança", longa do gaúcho Paulo Pons, era exibido no Festival de Berlim, segunda-feira à noite. A preocupação do cineasta com reações negativas durou até os créditos finais do filme, quando os aplausos calorosos superaram as cadeiras vazias e até mesmo as expectativas de seu diretor. Segundo ele, "Vingança" recebeu convites de mais quatro competições internacionais.

- Eu não sei se o filme vai fazer sucesso internacional, mas a participação em Berlim já aumenta as suas chances - disse Pons, estreante na Berlinale.

Até o encerramento do festival, Pons pretende fechar contrato com uma distribuidora para levar sua "Vingança" a outros quatro festivais, além de assegurar distribuição comercial internacional ao filme.

A debandada de parte da plateia se explica: era a última sessão do dia, a sexta do festival, que já havia visto as novas produções de Stephen Frears ("Cheri", com Michelle Pfeiffer, na competição pelo Urso de Ouro) e Gus Van Sant ("Milk", exibido na mostra Panorama). Mais tarde, Pons soube que nas salas vizinhas, onde eram exibidos outros filmes das mostras Panorama e Fórum do filme internacional, muita gente foi embora mais cedo por conta do adiantado da hora.

O filme conta a história do gaúcho Miguel (Erom Cordeiro), que chega ao Rio de Janeiro atrás do estuprador da sua noiva, Camilla (Bárbara Borges), mas se apaixona por Carol (Branca Messina), irmã do suposto autor da violência (Márcio Kieling). O público reagiu com curiosidade ao notar as diferenças regionais brasileiras.

- Quis mostrar que as pesssoas podem ser estrangeiras dentro do seu próprio pais, o que acontece muito no Brasil, que é imenso - afirmou Pons, ao lembrar que metrópoles como o Rio ou São Paulo são para as pessoas que vem do interior "um pouco como estar no estrangeiro".

Pons também quis discutir a vingança como forma de justiça na Brasil.

- Eu queria abordar a violência sexual. Sempre indaguei o que acontecia depois de um caso de estupro. Em cidades do interior, não só do sul do Brasil mas também no Nordeste, as pessoas preferem a vingança pessoal como uma reação passional - afirmou o diretor gaúcho, durante debate que seguiu-se à exibição.

Erom Cordeiro foi o único ator do elenco com presença garantida à exibição em Berlim. Ele disse que pretende se dedicar cada vez mais ao cinema.

- Depois de ter a chance de participar do festival de cinema mais importante do mundo é claro que vou me dedicar muito mais ao cinema - exagerou Erom, que também está no filme "Universalove", de Thomas Woshitz, produção da Austria, Luxemburgo e Sérvia rodada em inglês, japonês, sérvio e português e filmado em parte no Rio. O longa está na mostra "Perspectivas do Cinema Alemão" do Festival de Berlim e concorre no próximo domingo ao Prêmio Max Ophüls.

Nesta quarta-feira, na mesma mostra, será apresentado o documentário "Garapa", novo filme de José Padilha, vencedor do Urso de ouro do ano passado com "Tropa de Elite". Em um ano marcado pelo fantasma da crise econômica mundial, o longa de Berlim, que aborda a fome, promete gerar muita discussão na Berlinale. "Garapa" e "Vingança" são os únicos longas brasileiros no programa da Berlinale deste ano.

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