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“Das Águas que Passam” foi rodado na foz do Rio Doce, em Linhares (ES) | Divulgação/
“Das Águas que Passam” foi rodado na foz do Rio Doce, em Linhares (ES)| Foto: Divulgação/

Quando o diretor Diego Zon rodou seu curta-metragem “Das Águas que Passam”, em março de 2015, na vila Regência em Linhares (ES) , foz do Rio Doce , jamais poderia imaginar que um pouco depois uma tragédia ambiental devastaria a região.

Zon, nascido em Cachoeiro de Itapemirim, está em Berlim e não disfarçava no último domingo (14) a ansiedade na sessão do seu filme, que integra a mostra oficial de curtas-metragens da Berlinale.

Único título do Brasil candidato a um Urso nesta 66ª edição, a sessão do documentário – que concorre com 24 produções de 20 países – teve a presença de muitos brasileiros que moram na cidade e outros que estão por causa do festival.

Zon estudou publicidade e, antes desse, dirigiu três curtas-metragens: “Maestro em Si” (2010), “A Nona Vítima” (2011) e “Os Lados da Rua” (2012), filmes que – como disse na entrevista à Gazeta do Povo – certamente abriram as portas para estar em Berlim. “O formato tem sido minha escola e, a partir dele, tento fazer filmes que falem de pessoas anônimas e que não são notadas”, conta o diretor.

Seu filme segue o cotidiano de um pescador, Zé de Sabino, e o amor pelo mar, de onde tira seu sustento e onde constrói sua identidade. Sabino trabalhava na região que agora está profundamente afetada pelo desastre ecológico causado pelo rompimento da barragem da mineradora Samarco em Bento Ribeiro, Minas Gerais.

“Imagino que o público da Berlinale e até a equipe do festival não percebam que o curta foi rodado em uma das regiões onde ocorreu o maior desastre ambiental do Brasil e, paralelamente ao que aconteceu, a memória que o filme preservará. Estou curioso para conhecer a receptividade do público com as sensações e reflexões que o filme propõe”, afirma.

O documentário busca uma ligação do personagem com os elementos da natureza que predominam na região, para o que – conforme explicou Zon – foi muito importante a sintonia com o diretor de fotografia Patrick Tristão.

“Para que a história tivesse veracidade, procuramos ficar o mais próximo possível daquela realidade”, ressalta.

Sobre a participação em Berlim, Zon conta que foi tudo muito rápido, desde o convite até a confirmação que tinha sido selecionado. “É muito bom estar estreando meu filme aqui, um festival dessa grandeza e com um público tão apaixonado por cinema”, comemora o cineasta de 29 anos.

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