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Cinema

Cineasta francês fala de infidelidade em “À Sombra de Uma Mulher”

Philippe Garrel, um dos grandes nomes do cinema francês atual, lança um olhar sobre as dificuldades dos relacionamentos humanos

Cena de “À Sombra de Uma Mulher”, de Philippe Garrel. | Divulgação
Cena de “À Sombra de Uma Mulher”, de Philippe Garrel. (Foto: Divulgação)

Vindo de Cannes, onde abriu a prestigiada Quinzena dos Realizadores, o drama francês “À Sombra de Uma Mulher”, de Philippe Garrel, foi a atração da última quinta-feira (24) na 53.ª edição do Festival de Nova York. O filme também integra a programação do Festival do Rio (de 1.º a 14 de outubro).

Em seu novo trabalho, Garrel volta a abordar as dificuldades dos relacionamentos humanos, desta vez com um olhar acurado na infidelidade, focado nas diferentes reações de homens e mulheres quando essa experiência acontece.

O filme segue o cineasta Pierre (Stanislas Merhar) e Manon (Clotilde Courau), sua mulher e assistente, trabalhando em projetos de documentários. Um deles em especial é sobre um homem já idoso, que participou da Resistência Francesa durante a ocupação do país pelos nazistas na Segunda Guerra.

O roteiro foi escrito a quatro mãos – por Garrel, Arlette Langmann, Caroline Deruas e o veterano Jean-Claude Carrière – e o elenco conta também com Louis Garrel (filho do diretor), que faz a narração do filme.

Com uma crua fotografia em preto e branco, sem adornos, o diretor apresenta uma história de egoísmo inerente ao homem e a forma como ele manipula a mulher para conseguir sempre seu propósito de ser a vítima quando, na realidade, ele é o causador de todos os problemas do casal.

Embalado na trilha sonora de Jean-Louis Auber, mesmo em alguns momentos mais dramáticos, o filme não perde seu lado lírico nem sua crença no amor romântico.

Garrel explica a razão de continuar fiel ao tema de seus filmes, que ele desenvolve numa forma ao mesmo tempo dramática e divertida.

“Por mais que os anos passem, acabo gravitando em torno de meus assuntos favoritos, como o amor, as relações humanas e o idealismo político”, ressalta destacando que entende perfeitamente quando o público acha graça nas situações tão sérias abordadas no filme.

“Penso que fazer rir é algo que faz bem para nós e para todos. E acho que o cinismo da infidelidade sempre provoca risos nervosos. Já esperava por eles”, afirma.

A opção pelo preto e branco tem a ver com a trama do filme, mas Garrel conta que a decisão foi tomada fundamentalmente para redução de custos.

”Sem cores não é necessário maquilagem para os atores, bem como para os cenários em que há decorações. Também não preciso me preocupar com grandes caminhões para a equipe técnica, o que facilitou muito porque filmamos em um perímetro de 800 metros quadrados de um bairro central de Paris”, afirma.

O diretor assume seu lado pai quando fala sobre ter realizado mais um filme com a participação de Louis Garrel, um dos galãs mais requisitados de sua geração.

“É ótimo trabalhar com ele. Estamos ligados pelo sangue e pelo cinema. Da mesma forma que fui influenciado a filmar pela profissão de meu pai [ele é filho de Maurice Garrel (1923-2011)], acabei trazendo meu filho para o mesmo universo”, confidencia o diretor de 67 anos, muito cultuado aqui no NYFF, onde esteve em 2005 com “Amores Constantes” e em 2013 com “O Ciúme”.

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