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Talicio Sirino e Salete Machado junto do cartaz de “Travessias”, em cartaz nos cinemas curitibanos | Marcelo Andrade/Gazeta do Povo
Talicio Sirino e Salete Machado junto do cartaz de “Travessias”, em cartaz nos cinemas curitibanos| Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo

Dizer que o paranaense Talicio Sirino é um lutador não é apenas uma metáfora para ilustrar as dificuldades em viver exclusivamente de cinema. Antes de produtor, ator e diretor, Talicio era lutador de caratê, habilidades que podem ser conferidas em alguns de seus filmes. Na tela ele derruba os adversários com facilidade, mas fora dela a briga é bem mais difícil. Desde 1994 Talicio e a mulher, Salete Machado, encaram os pesos pesados do disputado mercado cinematográfico com produções de baixo orçamento.

O casal é fundador da Tigre Filmes, produtora cinematográfica criada em Cascavel, na região Oeste, que em 21 anos lançou seis longas-metragens e algumas coproduções para televisão. O produto mais recente é o drama “Travessias”, estrelado por Jackson Antunes e Isadora Ribeiro, que estreou na última quinta-feira (11) em Curitiba, Manaus (AM) e cidades do interior de Minas Gerais.

Veja as salas e os horários das sessões

Num cenário em que, por exemplo, “Mãe Só Há Uma”, da consagrada Anna Muylaert, ganhou sessões em uma única sala local, ter um filme exibido em duas redes (UCI e Cineplus) pode ser considerado um feito. “É um mercado difícil. Tem que gastar muita sola de sapato, primeiro para conseguir colocar o filme em cartaz. Vamos conversando e achando brechas. Depois, o trabalho é mantê-lo. Na nossa realidade, três semanas é lucro”, diz o produtor.

Parceria

Nascido em Itambé, região metropolitana de Maringá, Talicio Sirino conta que sempre foi apaixonado por cinema. Em Cascavel conheceu Salete, com quem começou a trabalhar no teatro, se casou e tem três filhos. Da parceria pessoal e profissional nasceu em 1994 a Tigre Filmes, cujo primeiro rebento foi “Acerto Final”, produção de artes marciais dirigida e estrelada por Talicio.

O grande salto, no entanto, aconteceu em 2001 com “Conexão Brasil”, uma história policial ambientada na tríplice fronteira que teve a supervisão de Luiz Carlos Lacerda (diretor de “Leila Diniz”). Com cinco cópias em 35mm, a produção atingiu a marca de 100 mil espectadores, além de ser distribuída na Argentina e no Paraguai. Em 2012, junto com a Camarada Filmes, lançou “Curitiba Zero Grau”, de Eloi Pires Ferreira. Feito com R$ 1 milhão, foi o maior orçamento das duas décadas da Tigre Filmes. “Às vezes um filme leva três anos para ficar pronto. É um trabalho árduo, mas que vale a pena, principalmente quando ultrapassa os limites do estado”, diz.

Salete, por sua vez, ingressou no cinema por causa do marido, com quem sempre dividiu o comando da Tigre Filmes. Em 2012 decidiu também se aventurar na direção, com o documentário “Estrada do Colono”, sobre o fechamento da estrada que cruzava o Parque Nacional do Iguaçu. Para ela, enfrentar a hegemonia do cinema hollywoodiano pode ser difícil, mas impossível, jamais. “Não é porque não tem grandes recursos que você não vai entrar. Muitas vezes as pessoas veem as dificuldades e nem tentam”.

Cenário paranaense

“Travessias”, filme que estreou na última quinta nos cinemas, traz as duas marcas da Tigre Filmes: a habilidade para contar uma história com poucos recursos e a ambientação em cenários paranaenses. São três tramas paralelas que se cruzam em algum momento: um comerciante libanês que vive em Foz do Iguaçu, um sacoleiro em crise com a mulher e um diretor de teatro que tenta, a duras penas, viver de arte.

O filme custou R$ 400 mil e teve locações em Curitiba, Foz do Iguaçu e Ciudad del Este, no Paraguai. Autora do roteiro e responsável pela direção, Salete Machado conta que a ideia surgiu ao observar o vaivém de pessoas que cruzam a fronteira Brasil-Paraguai. “A premissa básica são as travessias humanas, encontros e desencontros casuais que mudam as nossas vidas de uma hora para outra”, ressalta.

Protagonista de “Travessias”, Jackson Antunes pode ser considerado um nome de ponta da Tigre Filmes. Além de estrelar outras duas produções da companhia, ele dirigiu em 2015, juntamente com Salete, seu primeiro filme, “A Tímida Luz de Vela das Últimas Esperanças”. Filmada em nove dias, a produção foi realizada apenas com recursos próprios, sem leis de incentivo.

O trio Jackson, Salete e Talicio Sirino vai repetir a dobradinha no próximo projeto da produtora, “Caravana: os Reis da Melodia”. Ambientado nas décadas de 1970 e 80, o filme vai contar a história de uma dupla sertaneja que percorre o Brasil. Em janeiro de 2017 será lançado “Partiu Paraguai”, de Daniel Lieff, que tem a tríplice fronteira como cenário e no qual a Tigre Filmes atuou no apoio à produção. Produzido por Diogo Dahl, o filme tem no elenco Bruna Linzmeyer, Felipe Camargo, Nanda Costa e Stepan Nercessian.

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