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Johnny Depp no papel de um dos bandidos mais temidos dos Estados Unidos em qualquer época: fracassos, só de cara limpa. | Divulgação
Johnny Depp no papel de um dos bandidos mais temidos dos Estados Unidos em qualquer época: fracassos, só de cara limpa.| Foto: Divulgação

Johnny Depp é um caso curioso no cinema. Indiscutivelmente é um ator de talento, além de ser considerado um dos rostos mais bonitos de sua geração. Seus papéis mais marcantes, porém, foram caracterizados sob maquiagem pesada, vide o Jack Sparrow de “Piratas do Caribe”, o Willy Wonka de “A Fantástica Fábrica de Chocolates” ou o excêntrico “Edward Mãos de Tesoura”. De cara limpa, o astro parece perder a força e acumula fracassos constrangedores.

Seguindo a regra, não surpreende todo o falatório em torno de “Aliança do Crime”, considerado o grande papel de Depp nos últimos anos, já rendendo apostas para o próximo Oscar. Novamente o ator aparece irreconhecível: calvo, envelhecido, com lentes de contato verdes e uma prótese dentária. Foi a forma de caracterizá-lo como Jimmy “Whitey” Bulger, criminoso que passou anos na lista dos mais procurados dos Estados Unidos após protagonizar uma história surreal.

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De origem irlandesa, Bulger iniciou a carreira criminosa na década de 1970 em Boston, liderando uma organização que ficou conhecida como a “Gangue de Winter Hill”. Ele acabou se tornando um gângster poderoso e constituiu um império a partir de um acordo firmado com John Connolly (Joel Edgerton), amigo de infância e agente do FBI. Bulger seria informante da polícia, ajudando a desmantelar a ação dos rivais da máfia italiana. Em troca, não seria incomodado pelos órgãos de segurança.

Dessa maneira, Bulger, que também era irmão de um importante senador de Massachusetts, William “Billy” Bulger (interpretado por Benedict Cumberbatch), passou a comandar o tráfico de drogas na cidade e promoveu uma série de assassinatos. A ascensão e queda do criminoso foi retratada no livro “Aliança do Crime”, escrito pelos jornalistas Dick Lehr e Gerard O’Neill, que serviu como base para o filme dirigido por Scott Cooper (“Coração Louco”).

Apesar da maquiagem um tanto tosca, Johnny Depp constrói uma interpretação à altura da complexidade do personagem. Bulger não era apenas um criminoso que abusou da esperteza, mas um homem tão frio para eliminar os adversários quanto fiel aos seus princípios (de fidelidade aos amigos, por exemplo). Se em alguns momentos consegue ser amedrontador (como na ótima cena em que desafia os agentes do FBI durante um jantar), em outros revela fraqueza e insegurança.

Mas “Aliança do Crime” não é só Johnny Depp. Mais do que as nuances do protagonista, o diretor Scott Cooper soube tirar proveito da grande história que tinha em mãos. Equilibra tensão, dramaticidade, ação e humor e faz, no mínimo, um bom filme policial. Daqueles no estilo clássico, com a diferença de que não há limites claros para diferenciar os mocinhos dos bandidos.

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