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“Little Boy” conta a história do menino Pepper, que sonha em ver o pai voltar da guerra. | Divulgação
“Little Boy” conta a história do menino Pepper, que sonha em ver o pai voltar da guerra.| Foto: Divulgação

“Little Boy – Além do Impossível” poderia ser um filme de Sessão da Tarde sobre as desventuras de um garotinho e seu lindo relacionamento com o pai. Mas o longa de Alejandro Monteverde ganha relevância pelas complicadas questões com que recheia a trama.

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O racismo da América alcança a Costa Leste, numa idílica praia californiana que serve de cenário ao filme. O bombardeio de Pearl Harbor, no Havaí, coloca nervos à flor da pele, trazendo para perto a Segunda Guerra. O sentimento de vingança contra os japoneses torna um inferno a vida do imigrante Hashimoto.

A amizade dele com o protagonista, Pepper (apelidado “Little Boy” por ser pequeno para a idade) põe a cidade em polvorosa. Instado pelo padre local, o garoto aceita seguir a lista das “sete obras de misericórdia corporais” (alimentar os famintos, dar de beber aos que têm sede, vestir os despidos, abrigar os sem abrigo, visitar os doentes, visitar os presos e sepultar os mortos). Afinal, o filme é sobre fé.

Fé metaforizada pela convicção de Pepper de que pode trazer o pai de volta da guerra. Sua crença infantil nunca se dissocia da mágica, numa hilária associação do “grão de mostarda” da parábola de Jesus a “João e o Pé de Feijão”. A contraposição é feita quando o garoto vai a um show de ilusionismo e depois à missa.

Estamos quase acomodados com o entretenimento infanto-juvenil, quando a geopolítica de 1944 faz o espectador se mover em desassossego em dois momentos, que lembram a criticada e oscarizada poetização da guerra de “A Vida é Bela”.

Primeiro, quando Pepper enfrenta os grandões da cidade que o atormentam e as imagens são alternadas com o pai em batalha.

Depois, numa chocante alusão à bomba “Little Boy”, que destruiu Hiroshima. Imagens líricas como num sonho de contrastes mostram a guerra pelos olhos ingênuos do garoto.

O filme merece um elogio: o problema de estatura de Pepper não é resolvido até o final do filme. Não há um diagnóstico e o narrador, que é ele quando velho, nem toca mais no assunto. Um pouco de respeito aos mistérios da vida.

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