
Existem más atrizes, boas atrizes, ótimas atrizes e existe Meryl Streep. Aos 66 anos, a veterana possui um talento que não se compara a ninguém em Hollywood nos dias atuais. Pode ser um personagem cômico, uma mulher amargurada ou uma figura histórica que a atriz consegue cativar o espectador e dominar a cena. Isso faz com que nela esteja grande parte da força dos filmes dos quais participa.
Com “Ricki and the Flash – De Volta Para Casa”, que estreou nesta quinta-feira (3) nos cinemas, não é diferente. Meryl brilha, mas felizmente não é o único mérito do filme, que consegue unir duas gerações cinematográficas. Na direção está o setentão Jonathan Demme, célebre por “O Silêncio dos Inocentes”. Já o roteiro é de Diablo Cody, oscarizada por “Juno” (2007) e 34 anos mais jovem que o cineasta.
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Conflito geracional é justamente um dos temas de “Ricki and the Flash”. Esse é o nome da banda de rock liderada por Ricki (Meryl Streep), que há anos se apresenta no mesmo bar, alternando clássicos com Pink e Lady Gaga. Durante o dia ela trabalha como caixa de supermercado, à noite canta e toca guitarra, enquanto mantém um caso com Greg (o músico australiano Rick Springfield), guitarrista do grupo.
A rotina se quebra quando Ricki recebe uma ligação de Indianapolis. O ex-marido, Pete (Kevin Kline), pede que ela ajude a filha Julie (Mamie Gummer), mergulhada em uma depressão após ser abandonada pelo marido. A roqueira toma um avião e vai enfrentar não apenas a crise da filha: também terá de encarar as divergências com o ex-marido e os efeitos causados por anos de distância dos filhos.
As diferenças entre Demme e Diablo parecem justamente garantir o equilíbrio a “Ricki and the Flash”. Poderia ser um drama familiar denso, como o diretor fez em “O Casamento de Rachel” (2008), mas não chega a isso. Também poderia ser leve e bem-humorado, como fez a roteirista com “Juno”, mas os risos não fluem tão facilmente. O filme trata o tema da ausência materna com a seriedade devida, porém, sempre abrindo espaço para um sorriso.
Quanto a Meryl Streep, o que mais dizer? Além de interpretar com maestria, construindo com sobriedade uma personagem que tinha tudo para cair no caricato, ela canta e toca guitarra. E também o faz muito bem, como uma legítima rockstar.
Sem vaidade, deixa espaço para que apareça o talento do experiente Kevin Kline, ótimo na pele do pai careta. Talvez você não goste de “Ricki and the Flash”, mas não amar Meryl Streep, isso parece impossível.



