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“Mogli”: cenário e animais criados em computadores, mas o personagem principal é um ator de verdade. Bastará para a Academia considerá-lo apto ao Oscar? | Divulgação
“Mogli”: cenário e animais criados em computadores, mas o personagem principal é um ator de verdade. Bastará para a Academia considerá-lo apto ao Oscar?| Foto: Divulgação

Com a próxima temporada de candidaturas ao Oscar, a Disney terá à disposição uma abundância de animações de qualidade a considerar. Haverá “Zootopia” e a sequência de “Nemo”, “Procurando Dory”. E também haverá... “Mogli – O Menino Lobo”?

O sucesso esmagador que é o novo filme de Jon Favreau está sendo caracterizado como o mais recente “remake em live-action” de um dos muitos clássicos de animação da Disney – uma onda de lançamentos recentes que inclui “Alice no País das Maravilhas”, “Malévola” e “Cinderella”. Mas o novo “Mogli” se distingue dessa família de lançamentos recentes: apesar da etiqueta de live action, na verdade é em sua maior parte animação.

Conexão emocional

É verdade que o filme tem um ator humano (Neel Sethi) à frente no papel de Mogli. Favreau disse que os espectadores precisam de uma conexão humana para se identificar com a paleta de tons emocionais do filme. Mas é a paleta visual que torna esse filme tão particularmente fascinante. Como esclareceu Favreau em entrevistas, para cada dez metros que Mogli caminha, os animadores têm de criar dez metros de selva digital a partir do nada.

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A tecnologia em uso não é apenas captura de movimento, por meio da qual gravações de movimentos e expressões reais dos atores são usadas como base para se modelar a animação. Pelo contrário, esse filme é uma verdadeira animação por “key-frame”, nas quais certos frames são renderizados para determinar os pontos de início e fim de cada transição.

“Mogli” é a animação a fazer mais uso de live-action de todos os tempos, especialmente porque “Avatar” obviamente teve mais atores reais. (Vale notar que o mestre em efeitos especiais Rob Legato trabalhou em ambos.)

Linha tênue

Não se trata apenas de borrar a linha que separa live-action e animação, algo que Hollywood tem habilmente feito por muitos anos. Esse é o efeito de se eliminar essa linha completamente como uma falsa divisão.

Mesmo a nomenclatura cinematográfica ainda não alcançou a colisão das tecnologias. “Mogli”, um filhote cinematográfico que é um híbrido digital, é literalmente uma façanha para a qual faltam palavras. (“Manimation”? “Live Mo-Cap-Key”? )

Esse marco pode não importar muito para o feliz espectador, mas pode importar em breve para juízes de prêmios cinematográficos. O que pode impedir “Mogli” de se tornar um peso pesado na corrida contra outras animações?

Água realista

Ainda que a maioria dos espectadores não alimente preconceitos em relação à pureza dos estilos, a Academia certamente o faz. Recentemente, a animação da Disney-Pixar “Divertida Mente” – claramente entre os oito melhores filmes de 2015 – não recebeu uma indicação ao Oscar de melhor filme. No entanto, um filme como “Gravidade”, de 2013, que fez uso pesado de animação e pré-visualização digitais, foi indicado a melhor filme.

Conforme a linha se torna cada vez mais borrada para aqueles encarregados de traçar demarcações tão categóricas, uma coisa fica clara: “Mogli” parece atender a todos os requisitos de elegibilidade da Academia para concorrer como um filme de animação – desde fazer uso de tecnologias permitidas até apresentar uma maioria de personagens animados.

Não está claro se a Disney quer explorar essas águas. Mas quando os animadores de “Mogli” conseguem pintar digitalmente uma água que parece mais realista que a própria água de verdade, então nada parece além dos limites da imaginação do estúdio.

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