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Cinema

“O bom dinossauro”, nova animação da Pixar, não tem alma

Tudo foi feito direitinho, das imagens lindas à tecnologia embasbacante, mas há algo errado com o desenho

“O bom dinossauro” usa tragédia como ponto de partida | Divulgação/
“O bom dinossauro” usa tragédia como ponto de partida (Foto: Divulgação/)

Walt Disney traumatizou gerações com a morte da mãe do “Bambi” (1942).

Agora, é a vez da Pixar estraçalhar corações de crianças e adultos. Como?

(Cuidado: se você não quiser saber detalhes da trama, pare de ler este texto aqui).

Matando o pai do protagonista de “O bom dinossauro”, que está passando em toda parte.

Confira no Guia onde assistir ao filme

A tragédia funciona como um ponto de partida para a história (ainda que seja no comecinho do filme e mesmo sabendo que acontece, se prepare: você vai sofrer quando acontecer).

O dinossaurozinho Arlo é o filho menor e mais fraco da família. Na hora de ajudar com os afazeres do dia a dia, ele sofre com as tarefas mais simples. Não consegue dar de comer para as “galinhas” porque sente medo delas. Não consegue arar a terra porque é muito fraco. Não consegue cuidar das plantas porque é muito baixo.

O pai se preocupa com a fragilidade do filho e decide testá-lo: Arlo terá de caçar e matar a criatura que assalta as reservas de milho que a família estoca para o inverno. Um acidente vai aniquilar o pai e lançar o filho numa aventura difícil. Sozinho, ele terá de sobreviver e encontrar o caminho de casa.

Soa como vários outros filmes da Pixar, da Disney e afins. Porém, existe alguma coisa errada com esse filme novo. É como se ele fosse oco. Tudo foi feito direitinho: a produção é um exemplo de tecnologia bem utilizada, as paisagens na tela são impressionantes, o roteiro é bem amarradinho...

O problema talvez seja que Arlo não tem alma. Ele não é, de fato, “animado”.

O esquema da história é o mesmo com frequência – você sabe que o personagem vai superar as adversidades e ficar bem no fim –, então o que faz uma animação ser boa são os personagens. Se eles não funcionam, não adianta.

Em alguma medida, ainda que pequenininha, um personagem bom precisa ser ruim, precisa de defeitos para ganhar “vida”.

“Wall-E” age como alguém com transtorno obsessivo-compulsivo, Sully vive de assustar crianças em “Monstros S/A”, Rémy é um rato que conspira contra tudo para conseguir comida em “Ratatouille” e, para ficar só em quatro exemplos de filmes da Pixar, Relâmpago McQueen demonstra uma arrogância ímpar em “Carros”.

O defeito de Arlo é ter medo e o medo não basta para você ser “alguém”.

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Veja o trailer:

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