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A ideia de “O Clã” começou há oito anos, quando o diretor argentino Pablo Trapero começou a levantar informações sobre a história da família Puccio. Em entrevista por telefone à Gazeta do Povo, o cineasta admite que não esperava todo o sucesso alcançado e credita parte dele a uma temática universal. “Independente do caso, o cerne do filme é a relação entre pai e filho”, afirma.

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Como surgiu a ideia de transformar em filme a história da família Puccio?

Eu ouvia sobre o caso em 1985, quando tinha 13 anos, e a família Puccio virou notícia. Somente em 2007, quando estava filmando “Leonera”, comecei a trabalhar na ideia de fazer um filme sobre a história. Apesar de ser um caso bastante conhecido, não havia muita informação sobre ele. Por isso comecei a fazer uma investigação por conta própria. Em 2012 consegui viabilizar o projeto e em 2014 começamos as filmagens. Eu estava ciente de que o grande desafio era contar a história do ponto de vista da família, da relação entre pai e filho, que é o tema central de “O Clã”.

Você esperava esse sucesso todo?

Não esperava. Enquanto realizava a investigação para o filme, havia a preocupação sobre como os mais jovens, que não conheciam a história, iriam receber o filme. Afinal, iríamos falar de uma família em um momento muito difícil da história argentina. Mas, por outro lado, sabia que a história era muito atraente e confiava nela. Só não imaginava que alcançaríamos o melhor fim de semana de estreia e a segunda maior bilheteria na história da Argentina. É muito legal e surpreendente, principalmente por atingirmos públicos diferentes, inclusive fora do país.

Como você disse, o tema central do filme é a relação entre pai e filho. A universalidade do tema foi um dos fatores que contribuíram para o sucesso de “O Clã”?

Sem dúvida. Fazer “O Clã” foi um desafio por várias razões, era meu primeiro filme de época e o primeiro baseado em uma história real. Estávamos retratando pessoas reais com seus nomes verdadeiros, era uma responsabilidade grande. Mas é a história de uma família, que tem suas particularidades e extremos. Independente do caso, o cerne do filme é a relação entre pai e filho. Não há muitas famílias como os Puccio, mas todos que somos pais vamos entender o ponto de vista do pai, da mesma forma que os filhos também vão se identificar com o filho. É um sentimento presente no mundo inteiro, então acredito que por isso muitas pessoas vão se emocionar.

Eu estava ciente de que o grande desafio era contar a história do ponto de vista da família, da relação entre pai e filho, que é o tema central de ‘O Clã’

Pablo Trapero cineasta argentino, diretor de “O Clã”

Como você vê o atual momento do cinema argentino?

Ultimamente tem se intensificado a relação do público com o cinema argentino. As pessoas vão assistir a alguns filmes de forma massiva, o que nos possibilita continuar experimentando. “O Clã”, por exemplo, que poderia ser considerado um filme difícil para o grande público, foi recebido com entusiasmo. O que percebemos é que o público quer ver coisas distintas: dramas, comédias, animações, há público para todos.

A que você credita essa proximidade com o público?

Acredito que isso é consequência de uma relação que vem se construindo desde a época dos pioneiros do cinema argentino. O público foi se renovando e conseguimos fazer com que ele visse filmes distintos, independente do gênero. O importante é contar uma história que surpreenda e emocione.

Os filmes argentinos têm sido bem recebidos também no exterior, inclusive no Brasil. Qual a importância disso?

Nos últimos anos conseguimos nos fazer presentes em vários países, o que é um privilégio. No Brasil meus filmes sempre tiveram bom público e uma boa recepção da crítica, o que me deixa muito orgulhoso. O cinema argentino tem participado de vários festivais pelo mundo, teve indicações ao Oscar, ou seja, conseguiu estabelecer uma relação com públicos distintos. Esperamos que, com isso, a produção esteja constantemente se renovando e conquistando o público.

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