
Sempre que um ator consagrado decide ir para trás das câmeras cria-se uma expectativa especial. Afinal de contas, é alguém que já tem dinheiro e reconhecimento, logo, teria condições de apostar em um filme ousado.
Parece que essa não foi exatamente a intenção do neozelandês Russell Crowe.
Depois de um Oscar, de alguns sucessos de bilheteria e de ganhar a simpatia da crítica, resolveu se aventurar como diretor.
Promessas de Guerra, drama histórico que estreia nos cinemas nesta quinta-feira (28), é apenas mais do mesmo.
Crowe escolheu como mote um episódio da batalha de Galípoli, na Turquia. Ocorrido entre 1915 e 1916, foi um dos conflitos mais sangrentos da Primeira Guerra Mundial, quando tropas aliadas tentaram invadir o território turco e conquistar o estreito de Dardanelos. O ataque foi frustrado, resultando em milhares de mortes de ambos os lados.
Promessas de Guerra é baseado na história real de um fazendeiro, Joshua Connor (interpretado pelo próprio Crowe), que perdeu os três filhos no campo de batalha. Inconformada, a mulher dele acaba se suicidando.
Amparado por uma intuição incomum, Connor parte então rumo à Turquia, onde pretende recuperar os corpos dos filhos para enterrá-los junto ao da mulher.
Para contar a trajetória heroica do pai de família, Crowe lança mão de todos os clichês do gênero.
Há uma criança, a quem Connor se afeiçoa e com quem cria uma relação de semipaternidade.
Como não pode faltar o par romântico, ele fica a cargo da mãe do garoto, Ayshe (Olga Kurylenko), que também perdeu o marido na guerra e de início vê o estrangeiro com antipatia.
E dá-lhe frases de efeito, flashbacks em câmera lenta e trilha sonora melosa em volume exacerbado.
É uma pena que Russell Crowe, um ator talentoso, tenha desperdiçado o bom material que tinha em mãos. Basta lembrar que o episódio traumático para os australianos foi abordado de forma marcante em Gallipoli, filme de 1981 dirigido por Peter Weir. Promessas de Guerra não se aprofunda no conflito e tem uma narrativa fria. É apenas mais um dramalhão histórico.
De respeito
Aos 51 anos de idade, Russel Crowe é um dos atores mais respeitados de sua geração. O australiano despontou em 1997 como protagonista de Los Angeles - Cidade Proibida, dirigido por Curtis Hanson. Entre 2000 e 2002 recebeu três indicações consecutivas ao Oscar de melhor ator, por O Informante, Gladiador (pelo qual levou o prêmio) e Uma Mente Brilhante.



