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 | Fotos: Albari Rosa/Gazeta do Povo
| Foto: Fotos: Albari Rosa/Gazeta do Povo

O hábito de vagar pelas ruas da cidade, entrando e saindo de lojas, cinemas, cafés e livrarias ainda é parte da memória recente dos curitibanos que, com o aumento da violência nas ruas, passaram a fazer os mesmos programas em um reduto confinado: o shopping center.

Em Curitiba, há shoppings que oferecem Espaços Gourmet com restaurantes sofisticados, academia de ginástica e até um templo ecumênico para acolher almas em crise.

Espaços de sociabilibilidade com a cara dos tempos atuais? A professora da Universidade de São Paulo Valquíria Padilha, doutora em Ciências Sociais e autora do livro Shopping Center: a Catedral das Mercadorias, não vê os shoppings assim. Ao contrário. "Eles não estão tentando ser os antigos coretos da praça, recriar os espaços de sociabilidade. O que se quer é agradar o cliente, garantir movimento."

Lucro

O cinema, por exemplo, é um produto de alta lucratividade, responsável direto pelo aumento do fluxo de pessoas nos centros comerciais. Enquanto as salas de rua desaparecem, o número de multiplexes só faz crescer.

Mas o ambiente asséptico e refrigerado dos shoppings é hostil a quem costumava sair de sessões de cinema no extinto Cine Plaza, por exemplo, em frente à Praça Osório, e – cachecol ao vento – esticar as pernas na Rua XV.

"O shopping acabou ganhando uma eminência grande no Brasil, frente às características da sociedade. Provém estacionamento, segurança, criou condições melhores para o cidadão circular. Não acho que seja a única saída, mas é o que acabou prevalecendo", diz Adhemar Oliveira, sócio-proprietário dos Espaços Unibanco e do Unibanco Arteplex.

O Arteplex foi criado em 2000, dentro do então recém-inaugurado Shopping Frei Caneca, em São Paulo, como um conceito de salas multiplex totalmente original. Propunha-se a aliar, sem preconceitos, a exibição de produções de arte à de filmes comerciais, mais condizentes ao perfil do público que costuma frequentar os shopping centers. Do que discorda Oliveira.

Sinergia

"O shopping não uniformiza o público. Está, é claro, vinculado a um poder aquisitivo mais alto, mas dentro deste segmento há gostos bem distintos. Por isso, é preciso programar os filmes com uma química de cozinheiro. Não se pode comer batata todo dia, é preciso ter batata e outra coisa, equilibrar para não exibir só filmes ‘cabeça’ ou só filmes ‘pipoca’", diz.

Oportuno

Parte do sucesso das salas Arteplex também deve ser atribuída ao fato de elas estarem instaladas em shoppings que oferecem um "mix de opções irmanadas filosoficamente". "Há uma especificidade desse tipo de shopping, onde estaciono meu carro, janto, vejo um filme, compro um livro e vou embora, sem ter que me importunar de ir de um lugar para o outro", diz Adhemar Oliveira.

Ele explica que compete ao shopping fazer a sinergia entre as suas diversas operações. "O que no Brasil se faz bem", analisa.

"O cinema não está isolado, o shopping é um agrupamento de comércios que ganham força juntos. É como uma feira livre, um verdureiro sozinho vende muito pouco", diz.

As fotografias que ilustram o Caderno G Ideias de hoje foram feitas no ParkShopping Barigüi, em Curitiba.

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