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Política cultural

Cinemateca de Curitiba sofre com falta de público

Localização ruim, falta de uma programação atraente e de um espaço de convivência são problemas apontados pelos frequentadores do local

Cinemateca se tornou um espaço esquecido por parte do público | Jonathan Campos/Gazeta do Povo
Cinemateca se tornou um espaço esquecido por parte do público (Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo)

O título mais recente de uma estante para revistas de cinema em um canto da Cinemateca de Curitiba é de 2009. O móvel é apenas um indício de como a principal sala pública de projeção da cidade se tornou um espaço esquecido por parte do público, que mal nota a ausência de novas publicações para serem folheadas.

Nos últimos anos, os frequentadores da Cinemateca se tornaram sazonais, ocupando massivamente as poltronas apenas em lançamentos de produções regionais e grandes mostras, como a recente Olhar de Cinema. Mesmo assim, o Festival de Cinema Europeu, que ocorreu em maio, exibiu várias obras para um público com menos de dez pessoas.

Segundo os usuários do local, falta uma programação atrativa e constante, que não dependa de instituições e consulados para funcionar. "Lá não existe uma figura de um programador, preocupado com uma exibição consistente, voltada para a formação de plateia", diz o cineasta Wellington Sari, da produtora O Quadro.

A divulgação do roteiro de exibições é outro ponto que precisa ser repensado. Atualmente, os filmes agendados são anunciados por meio de notícias no site oficial da Fundação Cultural de Curitiba (FCC), órgão que administra o espaço. Não há uma página específica para concentrar o histórico da programação ou apontar o que vem por aí.

Espectadores

"Quando conseguimos um flyer para espalhar pela cidade, temos mais público", reconhece Marcos Cordiolli, presidente da FCC e diretor da Cinemateca. Segundo ele, as sessões que são "adotadas" por determinados grupos sociais costumam ter mais sucesso, como foi o caso de uma exibição para cegos com áudio descrição feita na semana passada.

A localização da edificação também não ajuda. Como fica distante, por algumas quadras, dos principais circuitos culturais da cidade, o público acaba não ocupando o espaço. "Falta um café, que seja um local legal de convivência. Os filmes exibidos precisam ser discutidos após a sessão", reforça o cineasta Paulo Biscaia Filho, que foi diretor da instituição entre 1997 e 2002.

Em 2013, a FCC aumentou os preços dos ingressos alegando que iria usar o dinheiro para investir na programação e na infraestrutura. Na prática, o espaço ainda não sofreu mudanças significativas.

Exibições

Com um acervo de cerca de duas mil películas, muitas produções projetadas na Cinemateca de Curitiba são de formato DVD. A qualidade das obras nesses casos afugenta o público, que pode facilmente optar por assistir aos mesmos filmes em casa, sem perder resolução de imagem.

"O DVD é o último recurso de uma sala de cinema. Ainda mais uma que seja bem equipada como a que temos aqui, com capacidade para exibir filmes em alta definição", comenta o cineasta Aristeu Araújo.

À reportagem, a FCC afirmou que esse público sazonal da Cinemateca aumentou em 2013. Cerca de 18 mil pessoas assistiram a curtas e longas-metragens exibidos no período. Até junho deste ano, o número de pessoas que conferiram alguma atração no local foi de aproximadamente 6 mil.

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