
O Interbairros, ônibus verde que percorre diferentes regiões fora do centro de Curitiba, é peça essencial na trama de Circular, longa-metragem de estreia dos diretores Aly Muritiba, Adriano Esturilho, Bruno de Oliveira, Fábio Allon e Diego Florentino. O coletivo acaba de ganhar duas novas paradas em seu itinerário, bem longe da capital paranaense: Toronto e Rio de Janeiro.
Na cidade canadense, o filme será exibido em competição no Festival de Cinema Brasileiro, que se estende de 29 de setembro a 2 de outubro. Poucos dias mais tarde, integrará a mostra Novos Rumos, destinadas a realizadores estreantes, do Festival do Rio (de 6 e 18 de outubro), hoje um dos grandes eventos audiovisuais do país. "Será uma grande oportunidade para o filme ser visto tanto pelo público e pela crítica quanto por potenciais distribuidores nacionais e estrangeiros. É uma vitrine importante", disse Antonio Jr., um dos produtores do longa.
Vencedor, em 2009, do prêmio de R$ 1 milhão do Edital de Longa-Metragem de Baixo Orçamento do Ministério da Cultura (MinC) o mesmo que permitiu a realização de Estômago (2007), consagrado filme do curitibano Marcos Jorge Circular terá sua primeira exibição pública no Canadá antes de ser visto no Brasil. Segundo o produtor, já foram feitos alguns contatos com empresas interessadas em distribuir o filme, mas a participação nesses festivais será fundamental para que sejam definidos os próximos passos a serem tomados em relação ao lançamento comercial do longa, ainda sem data prevista.
Vidas cruzadas
Tendo como cenário e elo de ligação do Interbairros, Circular entrecruza histórias de vários personagens cujas vidas, de alguma forma, estão relacionadas ao ônibus verde curitibano, já tradicional no cenário urbano da cidade. É no coletivo que Carlos (o uruguaio César Trancoso, de O Banheiro do Papa e XXY), um estrangeiro que acaba de chegar ao Brasil, assalta o cobrador e pugilista Lourival (Santos Chagas, de Sol na Neblina), faz de refém uma artista plástica grávida (Letícia Sabatella) e é surpreendido por um policial evangélico (Marcel Szymanski, um dos detentos de Estômago).
Cada cineasta dirigiu uma das cinco histórias que narram um dia na vida dos personagens centrais até o momento em que eles se cruzam no ônibus. Alguns circulam por mais de uma história.
A ideia do projeto, desde seu nascimento, foi respeitar a personalidade estilística de cada realizador sem comprometer a unidade narrativa e visual do longa. O roteiro, que partiu de um argumento de Aly Muritiba, foi escrito a dez mãos. Após uma discussão para definir os protagonistas, cada um ficou responsável por escrever 15 páginas sobre o personagem escolhido e, depois, eles voltaram a se reunir para arrematar o tratamento final.




