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Orgânico ou eletrônico? Samba ou hip hop? Du ou rock? As indagações ainda persistem depois de quase dez voltas dadas no novo disco de Lúcio Maia. A colagem é coerente, entretanto, e fazem de Mundialmente Anônimo... um considerável passo adiante se o compararmos com seu disco-solo anterior e um bom exemplo do que pode(ria) ser chamado de manguebeat nos dias de hoje.

Ousado, Maia abre o álbum com "Zumbi", de Jorge Ben, o papa do samba-rock. As distorções – os efeitos de sua guitarra são sempre bem-vindos – surgem em "Dandara", recheada de groove. Seus vocais são tímidos, mas não comprometem a rede sonora pesada, adornada por palmas, bongôs e batidas eletrônicas certeiras.

Em "Bem Vinda ao Inferno", candidata a melhor do disco, Guizado surge iluminando com seu trompete um baixo suingado e efeitos psicodélicos de uma guitarra virtuose já esperada.

"Super Homem Plus" – composição da Mundo Livre S.A. –, é recriada com cuidado. Arranjos baseados em instrumentos de percussão melódica e nos sopros inspirados de Guizado dão o tom. "Mostra Aí Guizado", diz Maia, confirmando a saudável parceria

"Tropeços Tropicais" inventa ao trazer nos vocais Lurdez da Luz, integrante do Mamelo Sound System. A letra é um deboche engraçado do típico brasileiro. "No sapatinho, é o tal jeitinho em que se dão os tropeços tropicais", canta Lurdez, sob uma generosa camada de efeitos. "Pode Dormir" é um pop fácil, com batida bem marcada e uma melodia assoviável. "Provando a Sanidade" vai do dub ao hip-hop, e nela Maia destila sua poesia contestadora, relembrando os melhores momentos da Nação Zumbi. "Recado ao Pio, Extensivo ao Lucas" é ao mesmo tempo soturna e psicodélica. Novamente, os riffs de guitarra são o destaque. "Girando com o Sol" talvez seja a mais abrasileirada das canções, devido a um violão comportado. O álbum se encerra com "SP", música explosiva e também exemplo de sua costura musical linear, que parte de Jorge bem e chega inteirinha a Jimi Hendrix.

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