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Michelle Pucci: cantar claro e límpido | Rosano Mauro Jr./Divulgação
Michelle Pucci: cantar claro e límpido| Foto: Rosano Mauro Jr./Divulgação

Show

Michelle Pucci – Lançamento do CD Respiro

Teatro do Paiol (Praça Guido Viaro, s/nº), (41) 3213-1340. Dia 9 de maio, às 21 horas. R$ 20 e R$10 (estudantes, idosos, professores e doadores de um quilo de alimento não perecível).

A concretização de projetos culturais em Curitiba pode levar um tempo enorme. Em 2006, Michelle Pucci criou o show Respiro, com músicas selecionadas por ela e direção musical de Ulisses Galetto. Só agora, em 2014, um novo show no Teatro do Paiol, no dia 9 de maio, vai marcar a chegada do disco Respiro. Um repertório quase igual, mas com as devidas alterações que os anos e a troca de produtor musical podem fazer.

Michelle Pucci, cantora com projetos como Caxaprego, é talvez mais conhecida como atriz e também pelo seu trabalho como apresentadora da ÓTV. E aqui vou abrir um parênteses.

Chamar uma atriz que canta de "atriz que canta" é, em muitas vezes e neste caso específico também, muito limitador. Um rótulo mesquinho. Vamos lembrar de alguns paranaenses que superaram essa fronteira e vêm fazendo grandes trabalhos nas duas áreas. Pensemos em Uyara Torrente, da Banda Mais Bonita da Cidade, no global Alexandre Nero e na grande Iria Braga.

Desses, Uyara é a mais dramática nas interpretações, Nero vai do lírico ao bem-humorado, Iria talvez seja a mais técnica, mais precisa. O destaque natural de Michelle Pucci é a bela voz, talvez o timbre mais bonito entre os acima citados. Eles levam em comum a prática de lidar com as palavras e por isso o cantar é claro e límpido, sempre dando importância ao que é dito, para torná-lo perfeitamente compreensível. O dizer pode se sobrepor ao musical na interpretação porque é necessário que a palavra seja entendida dentro do contexto da canção.

O trabalho Respiro, para mim soa como o mais teatral. Talvez porque traga um texto falado pelo Manoel Carlos Karam ("Inviável"), talvez porque todo ele seja envolvido em um clima melancólico, sofrido, mesmo em canções que poderiam ser mais alegres. Talvez porque traga Michelle recitando poemas ("Respiro" e "Aquele Quarto"). Isso não quer dizer que não seja um trabalho de cantora, de intérprete. É sim e traz canções belíssimas.

Destaque total para a faixa "Rito", de Marcelo Sandmann e Ulisses Galetto com uma certeira recriação feita pelo produtor Rodrigo Lemos na canção já gravada pelo Grupo Fato. Versos precisos em um poema lindo, assim como a voz e a interpretação de Michelle. Também são belas as interpretações de "Common Incomunicability" (André Azambuja e Maurício Pereira) e as jazzy "Respiro" (criação de toda a banda: João Marcelo Gomes, Lilian Nakahodo, Luís Bourscheidt, Michelle Pucci, Rodrigo Lemos, com um quê de beatnik) e "Mentira Noir" (Michelle Pucci e Rodrigo Lemos, a mais melancólica entre todas, e linda).

Demorou oito anos, mas, graças à voz e à persistência de Michelle Pucci, Respiro ainda respira, inspira e transpira arte.

Sindicato dos Músicos do PR em ebulição

Nem mesmo todos os músicos sabem, mas existe há muitos anos um Sindicato dos Músicos do Estado do Paraná. O presidente é Ivan Graciano, filho de Belarmino e Gabriela, o casal ícone da música do Paraná. Mas as coisas não estão bonitas nem dançam bem na presidência do sindicato. A Justiça Estadual acatou uma demanda de um grupo de oposição que constatou a falta de documentos obrigatórios na última eleição. Com isso, abrem-se as portas para uma nova ação que pode anular as eleições e, consequentemente, forçar um nova votação na entidade.

O advogado André Alves Wlodarczyk, autor da ação em nome dos músicos Raimundo Rolim e Levy Tuba, trabalha na área musical há anos. Foram dele também as dezenas de ações que resultaram em liminares que dispensaram músicos do Paraná de serem obrigatoriamente filiados à regional da Ordem dos Músicos do Brasil. Atualmente a OMB-PR está sob intervenção da OMB de São Paulo.

"Eu tenho um histórico de batalha nas políticas públicas culturais (desde 2003), sendo que tenho a crença que os movimentos coletivos, cooperativos e sindicais são essenciais para que o músico saia da informalidade e passe a ser tratado de maneira profissional", explica Wlodarczyk. Aguardemos os próximos capítulos da possível nova eleição no sindicato.

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