
Curitiba teve alguns movimentos musicais que se sucederam desse que acompanho esta cena, nos anos 80. Entre eles, está o Clube dos Compositores. Como o nome diz, reuniu alguns compositores de Curitiba que queriam mostrar seu trabalho e não encontravam muito espaço. Parece coisa atual, mas aconteceu lá pelos idos de 1996.
Se dá para confiar na minha pouco confiável memória, vamos lembrar um pouco deste momento, revivido na semana passada, quando entrevistei para o podcast dos blogs Sobretudo e Defenestrando o compositor Daio Baroni. No núcleo central, além de Baroni, estavam, entre outros, Oswaldo Rios, Alexandre Nero e Luciano Rosa, e também com adesões de outros artistas, como Ivo Rodrigues, Raimundo Rolim, Hardy Guedes e Hilton Barcelos (claro que estou esquecendo de outros, imprescindíveis, mas eu avisei vocês sobre a minha memória).
Faziam reuniões internas às segundas-feiras, que eram abertas com apresentações de novas músicas. Além disso, produziam shows coletivos em bares, no Teatro Paiol e nas Ruínas do São Francisco. Juntavam a ação política e de categoria profissional (se é que pode ser chamada assim) com a de criação. Dessa forma organizada e criativa, abriram espaço para mostrar o trabalho aos curitibanos.
Antes, nos anos 80 e no começo dos 90, o espaço era quase todo tomado pelo pessoal do rock. Para poder aparecer, o pessoal da MPB teve de aprender com os roqueiros como se organizar, formar uma tribo e reivindicar espaço. As tribos de então estavam ainda mais separadas do que (ainda) estão hoje.
O Clube agitou mesmo e os artistas, organizados e motivados, puderam lançar discos, programar shows e tocar em rádios. E cada um foi para o seu lado. Naquela época, Daio Baroni, um dos compositores e agitadores, gravou seu primeiro e único disco, Boneca de Pano, em 1998. De lá para cá, rodou a noite, formou-se na Escola de Belas Artes, e passou a lecionar música para crianças e adolescentes. Ou seja, sempre viveu de música.
Agora, 12 anos depois, Daio retomou o lado compositor na verdade nunca completamente abandonado e prepara a gravação do segundo trabalho solo. O novo disco, Tempo Bom, já tem algumas bases gravadas e deverá ser lançado ainda neste ano, com 15 músicas ainda não gravadas. Terá algumas participações especiais, como a do compositor e instrumentista Glauco Sölter e do carioca Dadi Carvalho ex-Novos Baianos, que já tocou com Caetano Veloso, Erasmo Carlos e também tem trabalho solo, com discos lançados até no Japão.
Daio retoma a carreira autoral justamente no momento em que a cena musical da cidade de Curitiba se reconstrói e passa a ter relevância dentro da própria cidade. Espaços são o que não falta e público é crescente, Nunca antes na história desta cidade houve tanta gente fazendo, ouvindo e falando sobre a música produzida por aqui. Em todos os estilos. Lembrando do nome do novo disco de Daio Baroni, é um Tempo Bom para a música local.
Caçarola de baixos
Neste sábado, a Caçarola Orquestra da Baixos, de Curitiba, lança seu primeiro disco com show no Guairinha, a partir das 20 horas. Trata-se de um sexteto formado por Ariadne Melchioretto, Bruna Buschle, Fernando Schubert, Luis Gustavo Slomp, Renata Cáceres e Flávio Lira. O trabalho, pelo que já se pode acompanhar pela internet (http://www.myspace.com/cacarolaorquestradebaixos), está muito bom. Além da orquestra ainda estarão participando do espetáculo o baixista francês Tibôr Delor, da LOrchestre de Contrabasses, inspiradora do grupo curitibano, além de Glauco Sölter e Itamar Colaço.



