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 | Ricardo Humberto/Especial para a Gazeta do Povo
| Foto: Ricardo Humberto/Especial para a Gazeta do Povo

Dizem que em aula quem aprende mais é o professor. Especialmente se a maioria dos alunos passar metade do tempo no Facebook.

Quando entrei na universidade (antes só tinha dado aula de música e de língua estrangeira) eu entendi um sentido central dessa ideia. Porque não é tanto a situação de sala de aula que faz o professor aprender: o que pega é a preparação das aulas. Você precisa “saber” uma coisa num grau bem mais elevado que o normal pra poder “ensinar”. Precisa saber à-prova-de-dúvidas… literalmente.

O campo, no entanto, em que a relação professor-aluno mais ensina coisas pro “mestre” é o das orientações. Eu já tive orientandos de Iniciação Científica, de Monográfica, de mestrado e de doutorado. E fora a Iniciação (que normalmente se dá dentro de um projeto do professor), os alunos chegam com uma ideia de trabalho que é você que tem que encampar.

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Já orientei trabalhos sobre teatro, poesia, teoria musical, prosa, tradução, prosa versus ficção, filosofia da linguagem… pilhas de coisas diferentes.

E eu aprendendo o que o orientando sabia. E normalmente aprendendo com ele o que ele ainda precisava saber.

E nesse meio tempo eu também participei de cacetadas de bancas por aí. Já estive em mais de 20 cidades desde que entrei pro programa de pós da UFPR. Conheci dezenas de colegas, aprendi horrores sobre temas que nunca teria estudado. Ainda na semana passada li uma tese fenomenal sobre Nabokov, pra uma banca na Unicamp.

Ano passado, fui banca de um concurso nacional de teses e dissertações. Li dezenas de trabalhos sobre os mais variados temas.

Em todas essas situações, eu não sei se aprendi MAIS que os “alunos”. Mas definitivamente aprendi pacas…

Agora, voltando aos orientandos. Os meus mesmo.

Tem outra coisa aí.

Porque mesmo eu (que digo que quero ganhar o selo orgânico de produção de orientandos, e por isso preciso criar solto no pasto, sem hipervigilância…) acabo criando relações pessoais com eles todos. E muito pessoais (e muito importantes), com alguns deles.

Hoje o Facebook me avisa que é aniversário da Ana, uma das melhores surpresas que eu tive na minha carreira de orientador. Ontem ainda estive trocando e-mails com o Adriano, talvez o orientando mais espantosamente competente que eu já tive.

Fica aqui um muito obrigado.

E fica também um muito obrigado pra você, que está lendo. Escrever pode ser como preparar aula. Eu, certamente, tenho aprendido muito até sobre coisas que achava que sabia.

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