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Banda nasceu na terra de Elvis e foi “descoberta” vinte anos depois | Divulgação
Banda nasceu na terra de Elvis e foi “descoberta” vinte anos depois| Foto: Divulgação

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Big Star: Nothing Can Hurt Me

Direção de Drew DeNicola’s. Disponível no Netflix.

É papo para uma noite inteira, mas a Big Star tem, provavelmente, a história mais incrível e emocionante do rock. Senão, vejamos: uma banda que nasceu nos anos 1970 e conseguiu deixou de lado a psicodelia dominante para chafurdar numa espécie de melancolia pop muito específica. Uma banda que, com as mentes inefáveis de Chris Bell e Alex Chilton – "a dupla Lennon & McCartney do Memphis" – previu o que viria vinte anos depois: o power pop, o punk pop. Uma banda que, mesmo ao contabilizar verdadeiras tragédias comerciais com seus três discos, influenciou gente como R.E.M, Flaming Lips, The Jesus and Mary Chain, Teenage Fanclub e Eliot Smith. Como se vê, a existência da Big Star foi um pequeno big bang musical. Toda essa jornada singular está no ótimo documentário Nothing Can Hurt Me, disponível no sempre eficiente Netflix.

A Big Star é uma eterna ironia. Na falta de um nome melhor, Chris (voz e guitarra), Alex (voz e guitarra), Andy Hummel (baixo) e Jody Stephens (bateria), copiaram a alcunha de um supermercado de Memphis – simplesmente a cidade onde nasceu Elvis Presley. A opção de Drew DeNicola’s, diretor do filme, foi se aprofundar na história da banda sem se importar com o fato notório de que ela é mesmo pouco conhecida. Aviso aos que navegaram até aqui: é da Big Star a música "In the Street", conhecida pela abertura da série That 70’s Show (em versão do Cheap Trick). Também é da Big Star "Thirtheen," canção que, de tão bonita – singela e profunda ao mesmo tempo – merece ser venerada tanto quanto ouvida.

Entendemos um pouco melhor do fenômeno Big Star quando o produtor Jim Dickinson (Ardent Records) explica suas primeiras impressões ao ouvir aquelas guitarras translúcidas, empolgantes – e ao mesmo tempo o poderoso combo formado pelas vozes de Chilton e Bell. Bell, confirmamos, era um sujeito, digamos, fora da curva. Tocava muito bem. Escrevia muito bem. Fazia de suas músicas uma plataforma para se comunicar com o que, talvez, gostaria de ter sido. Mas isso, estranhamente, não soava triste ou tão melancólico – ao menos não superficialmente.

Bom exemplo é o #1 Record (1972) – aquele disco com a palavra "big" dentro de uma grande estrela. No documentário, jornalistas, produtores e músicos confirmam: é um disco que beira a perfeição, mesmo em constante trânsito de emoções. Obviamente, o álbum foi um fracasso retumbante de vendas. O filme responsabiliza a distribuição dos discos pelo fato. Mas, em se tratando de Big Star, sabemos que não é só isso.

Bell estranhamente deixou a banda depois do primeiro álbum. Radio City (1974) também é um baita disco, mas igualmente não fez barulho nenhum em seu tempo. Os louros estavam guardados para o futuro. A Big Star ainda lançaria Third/ Sister Lovers (1978), apenas com Chilton e Stephens da formação original. Chris Bell – lembra-se que a história da Big Star é a mais incrível do rock?! – morreria num acidente de carro em setembro de 1978 aos... 27 anos.

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