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Manoel Carlos investe ainda mais nas relações interpessoais para construir trama de Em Família | Fabio Guimarães/Divulgação
Manoel Carlos investe ainda mais nas relações interpessoais para construir trama de Em Família| Foto: Fabio Guimarães/Divulgação

Uma das marcas registradas do novelista Manoel Carlos sempre foi a coloquialidade de seus diálogos, e a opção constante de levar ao ar tramas mais centradas em dramas humanos, vivenciados sempre por personagens que pareciam recortados da vida real. Em Família, novo folhetim das 21 horas, da Rede Globo, não foge muito a essa regra, e guarda com a obra do autor vários pontos em comum. Embora as cores melodramáticas tenham ficado mais intensas.

Como o próprio título anuncia, o enredo é tecido a partir das tortuosas relações entre integrantes de uma mesma família, e de seus agregados. No centro da história está o amor turbulento, e interrompido, entre Laerte e Helena, um casal de primos de primeiro grau, que se separa no dia do casamento, após o noivo ser preso pela tentativa de assassinato de Virgílio, amigo de infância de ambos e terceiro vértice de um triângulo que se anunciou desde a infância compartilhada.

Na primeira fase de Em Família, que se desenrolou nos anos 80, Laerte, Helena e Virgílio foram vividos por uma trinca de jovens atores bastante talentosos: Guilherme Leicam, Bruna Marquezine e Nando Rodrigues, respectivamente. Resta saber se, na fase atual da trama, que se passa, supostamente, mais de duas décadas depois da separação entre os protagonistas, a intensidade e a química vistas nos primeiros capítulos se repetirão.

Laerte, agora na pele do ator Gabriel Braga Nunes, está de volta pela primeira vez ao Brasil, de onde saiu após ter cumprido pena de um ano pelo seu crime. No exterior, tornou-se um flautista respeitado e, traumatizado com tudo que ocorreu no passado, optou pela distância, evitando saber notícias da prima e da vida em Goiânia, cidade de sua juventude.

Helena, agora vivida por Julia Lemmertz, mudou-se para o Rio de Janeiro e está casada com Virgílio (Humberto Martins), que sempre foi apaixonado por ela e concordou se sujeitar a uma união pautada pelo afeto, contudo mais fraterna do que propriamente amorosa por parte da esposa. Em torno dos três personagens, uma malha de parentes, de diferentes gerações, cujas histórias de vida não são muito menos complicadas do que as suas.

Família sempre foi um tema central e recorrente nos folhetins de Manoel Carlos, sem qualquer exceção, desde Baila Comigo (1981), primeira novela em que batizou de Helena a sua protagonista, então vivida por Lilian Lemmertz (1937-1986), mãe da atual "guardiã" do nome. Nesses mais de 30 anos, consolidou um estilo muito particular de escrita, capaz de colocar o espectador na posição de voyeur da intimidade de seus personagens, a ouvir conversas travadas muitas vezes em mesas de café da manhã, ou em outras situações tão corriqueiras quanto.

Muito tem se falado das incoerências etárias entre os atores que vivem os personagens de Em Família, que desafiariam algumas regras de verossimilhança – o que pode ser um problema se o público não acreditar na paixão insuperável de Laerte (Braga Nunes, de 42 anos) por Helena (Julia, prestes a completar 51). A ver.

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