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| Foto: Peter Halasz/Creative Commons

Por um ano, morei muito perto de uma loja de chás e consumia a bebida como se fosse um britânico. Eles tomam 60,2 bilhões de xícaras de chá por ano, de acordo com o United Kingdom Tea Council, ou mil xícaras per capita ao longo de 12 meses (considerando toda a população do Reino Unido). Com um mínimo de três por dia, na verdade, eu tomava mais chá que um britânico médio. Depois que me mudei, nunca mais fui à loja. É estranho como às vezes a gente se habitua a rotinas diferentes sem nem perceber...

Nesta semana, me lembrei da loja e decidi voltar lá para ver se encontrava um chá de assam. É um chá preto, simples, normalmente usado em combinações como a do english breakfast. A origem dele é indiana, mas eu costumava beber uma versão que, se não me engano, tinha a ver com a China (como tudo o mais) e era vendida nos supermercados daqui em umas caixinhas bordôs. Parece que a marca foi comprada por uma multinacional e depois saiu de circulação, ou se tornou muito difícil de achar.

Fui até a loja e ninguém lá tinha ouvido falar de assam nem do chá da caixinha bordô e, num impulso, para não perder a viagem, comprei um daqueles infusores de metal que parecem ter saído de um episódio da série de tevê Downton Abbey. É uma cápsula que se divide em duas peças. Você abre, coloca o chá dentro, fecha e põe direto na xícara, virando água quente em cima dela.

Semanas atrás, no supermercado, vi uma versão árabe do chá de assam, ou era uma marca de nome árabe fabricada na Rússia, algo assim. Na verdade, era um royal blend a granel, uma mistura de assam com darjeeling, outro chá indiano. Fiquei na dúvida se comprava porque não tinha as ferramentas para preparar. Meu infusor novo veio bem a calhar. Quero ver se hoje vou de novo ao supermercado.

De volta a Downton Abbey, uma das coisas que mais me interessam é a relação dos personagens com os objetos da época. São cenas pequenas, mas importantes para criar contexto. O infusor não apareceu nos episódios que vi até agora – ainda estou na metade da primeira temporada –, mas ele era popular na época em que se passa a história, o início do século passado.

Mas há o trem e o telégrafo que abrem o primeiro episódio. Outra cena mostra o mordomo Mr. Carson (Jim Carter) usando um tecido para filtrar resíduos do vinho, derramando o conteúdo de uma garrafa empoeirada em um recipiente de cristal. Aparece também uma máquina de escrever montada sobre uma base de madeira, comprada pela criada Gwen Dawson, que trabalha para a família Crawley, mas sonha em ser secretária.

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