Sucesso recente na televisão e novamente agora no cinema já esteve em filmes como Deus É Brasileiro e Cidade Baixa , Wagner Moura diz ter passado pela experiência mais louca de preparação em sua carreira para criar o personagem capitão Nascimento, o protagonista de Tropa de Elite. Além do trabalho com Fátima Toledo a mais badalada preparadora de atores do país , que é sempre intenso, o ator baiano participou de um pesado treinamento com os integrantes do Bope (Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar do Rio de Janeiro). "Foi um trabalho muito físico e psicológico, pois o curso de operações especiais é um massacre físico. Mas o que é mais exigido é o emocional. Eu sou um ator que gosta de se submeter a esse tipo de experiência. Não tive vontade ir embora, quis vivenciar aquilo porque achei que, de alguma forma, ia ter um resultado no meu trabalho no filme", confirmou, durante as entrevistas especiais de Tropa de Elite, realizadas semana passada, no Rio de Janeiro.
"Não passamos por tudo o que os aspirantes da tropa passam. Somos atores, não policiais, e, afinal, tínhamos que fazer o filme depois! (risos) Mas vivenciamos tudo o que era necessário para que uma pessoa supere seus limites e entre no Bope. Teve treinamento de tiro, de incursão e progressão em favela, em selva", completa Caio Junqueira, que vive Neto, policial novato e honesto que aspira chegar à tropa de elite. O ator carioca revela que o treinamento o ajudou a ter mais autocontrole e descobrir que seus limites vão muito além do que imaginava.
Morador da Vila Kennedy, favela da zona oeste do Rio de Janeiro, o estreante André Ramiro diz ter presenciado algumas das situações vistas em Tropa de Elite. O ex-porteiro de cinema é a principal revelação do filme dirigido por José Padilha, no papel de André Matias, o policial certinho, melhor amigo de Neto, e que também tenta entrar para o grupo dos "caveiras", como também são conhecidos os policiais do Bope. "A minha opinião sobre a figura humana do policial mudou, pois nunca havia tido contato tão próximo com pessoas que trabalhavam nessa área. Passei a entender que debaixo daquela farda tem um ser humano igual e qualquer outro. Mas, com relação ao sistema governamental e ao sistema de segurança pública, a minha opinião continua a mesma. A polícia nunca foi e nunca vai ser a solução para o problema da violência do Rio de Janeiro", aponta.
A mesma posição tem Moura, que afirma se incomodar com a confusão que algumas pessoas estão fazendo entre os personagens e os realizadores do filme: "Nossa intenção nunca foi fazer apologia da ultraviolência ou da repressão. Comecei a ficar mexido quando saíram artigos na imprensa dizendo que o filme era fascista. Eu não entrei nesse projeto, não foi esse o filme que eu fiz. O filme tenta mostra o olhar do policial, que é importantíssimo para a gente entender a questão da segurança pública."
O protagonista de Tropa de Elite revela que todos os policiais que conheceu durante a produção do filme são da maior integridade, apesar de acreditarem que a solução para a violência é entrar pela favela e deixar corpo no chão. Eu acho que a solução para combater a violência é investimento nas áreas carentes, diminuir a desigualdade social. Subir a favela e ver saúde, educação, saneamento básico, geração de empregos, cultura. Dar opção ao jovem de periferia que não a do tráfico de drogas", completa.



