
Um passeio pelos corredores do Museu Oscar Niemeyer (MON), localizado no bairro Centro Cívico em Curitiba, Paraná, revela surpresas. A reportagem da Gazeta do Povo visitou nesta semana todas as mostras em exposição e aponta algumas das mais curiosas. Merecem destaques as cores fortes da dupla de artistas OSGEMEOS e a densidade e tons sombrios de Iberê Camargo.
Atualmente, o espaço contém um total de oito mostras: Nise da Silveira Caminhos de uma Psiquiatra Rebelde, Katalogue XXL New Art; Niobe Xandó Mostra Antológica, Vertigem (de OSGEMEOS), Demarche 30 Anos de Pintura, Iberê Camargo Moderno no Limite, Poética da Percepção Questões da Fenomenologia na Arte Brasileira e Yolanda Mohalyi No Tempo das Bienais. Apenas a última não é citada nesta reportagem, já que a abertura acontece neste sábado (7).
Confira os destaques em cartaz no MON e a trajetória que um visitante faz por meio das mostras:
Poética da Percepção Questões da Fenomenologia na Arte Brasileira
O pavimento inferior exibe a mostra "Poética da Percepção", que busca explorar os cinco sentidos e oferece, especialmente, uma atenção aos portadores de necessidades especiais. Dentro deste espaço, é possível cheirar, tocar e ouvir determinadas peças a fim de percebê-las em sua totalidade.
Produzidos pelo artista plástico Marepe, os óculos gigantes feitos de MDF com lentes de elásticos são os principais destaques. A peça trabalha a desproporção, e define que o excesso não significa qualidade. Eles não seriam, por exemplo, suficientes para ler e enxergar.
A mostra oferece também uma oportunidade para que os deficientes visuais "conheçam" a feição do presidente Lula. Um boneco de pelúcia e plush produzido por Raul Mourão exibe as sobrancelhas grossas, barba e nariz do presidente. A peça intitulada "Lula com Alça" pode ser tocada à vontade pelos visitantes.
Ao deixar a mostra e passear em meio aos outros corredores do pavimento, o visitante é apresentado aos cartazes de todas as mostras que já foram exibidas dentro do museu.
Niobe Xandó Mostra Antológica
É preciso voltar dois pavimentos acima para ter acesso às demais exposições em cartaz. A primeira se trata da mostra antológica Niobe Xandó. A trajetória dividida em diversos segmentos passa por suas flores, máscaras, e chega ao Letrismo, Mecanicismo, além de composições abstrato-geométricas.
Ao passar pelo corredor onde estão localizados os ambientes flores fantásticas e máscaras, chega-se ao mecanicismo. O som ecoa barulhos de metais que se batem e caem ininterruptamente. As paredes exibem tons de cinza em meio às pinturas.
Neste ambiente, é possível ver a obra "Black Power I" feita em serigrafia. Ela faz parte do acervo da Pinacoteca do Estado de São Paulo. Com fundo preto, vários círculos formam as feições de um grande boneco com cabelo Black Power.
A última seção exibe composições abstrato-geométricas, e conta com a obra "Geométrico XCI Aleluia" feita em acrílico sem tela. Também com fundo preto, a obra tem inúmeras formas geométricas coloridas de diversos tamanhos, além de luas, estrelas e outras figuras que exibem o que lembra um céu estilhaçado.
Nise da Silveira Caminhos de uma Psiquiatra Rebelde
No próximo corredor, chega-se a mostra Nise da Silveira, que exibe obras de diversos artistas em homenagem à trajetória da médica psiquiatra. Ela comandava a seção de Terapêutica Ocupacional que permitia que os pacientes revelassem, por meio da arte, conteúdos ocultos de seu inconsciente. Os artistas em questão nesta mostra tratam-se destes internos que exibem o caminho traçado por Nise da Silveira.
São inúmeras obras dos mais variados estilos. Logo na entrada, peças feitas com caneta esferográfica e grafite demonstram simplicidade, e começam a ficar mais densas ao longo do corredor onde estão expostas.
Vertigem, de OSGEMEOS
Vertigem é uma das mostras mais interativas em cartaz no MON. Lúdica e bastante colorida, ela exibe pinturas e peças que permitem a participação dos visitantes. Um exemplo é a peça "Os Músicos", que contém instrumentos musicais como bateria, guitarra e baixo que podem ser de fato tocados. As pinturas são em madeira e utilizam tons fortes como rosa, roxo e verde.
Iberê Camargo Moderno no Limite
Ao caminhar para a mostra ao lado de "Vertigem" está "Iberê Camargo Moderno No Limite". O visitante notará um grande choque de cores e ambientação.
O artista constituiu as peças em questão quando sofria de câncer e já sabia que a morte estaria próxima. As pinturas, formuladas em tons escuros e sombrios, são projetadas para frente por conta do excesso de tinta.
Demarche 30 Anos de Pintura
Em seguida, chega-se a mostra "Demarche 30 Anos de Pintura". Lá, o artista também explora o excesso de tinta, porém com mais vivacidade e variação de tons. Uma de suas características é o formato de expressão dos rostos de todas as suas telas, bastante característicos de sua obra.
Entre os destaques, a enorme tela denominada "Santa Ceia", que segue a versão do artista para a já renomada obra. Com 3 metros de altura e 4,5 de comprimento, o quadro figura em um fundo preto e cores carregadas, com a figura de Jesus bastante distorcida. Na parede à frente desta obra, localizam-se três versões da figura de Cristo sobre a cruz, que distorcem bastante com relação à imagem tradicional da cena. O que mais destaca são os tons de vermelho e preto, que exibem uma imagem chocante e sangrenta.
Ao passar novamente pela mostra de Nise Silveira, que é exibida em dois corredores, chega-se de volta à rampa principal. É preciso descer novamente ao subsolo para ter acesso ao pavilhão principal, dentro do "olho" do museu. Um corredor com teto de fundo infinito é uma das grandes atrações para os visitantes.
Katalogue XXL New Art
A caminho do salão principal está localizada a mostra "Katalogue XXL". Os corredores exibem as mais diversas obras produzidas por 34 artistas, mas é a primeira que mais se destaca.
Uma sala com paredes pretas, um telão e três monitores em plasma constituem a obra do artista japonês Motomichi, que tem o medo como tema. Um personagem vive loops contínuos que representam um pesadelo. O salão principal não estava disponível por estar em montagem.
Mostra Permanente Oscar Niemeyer
O pavimento inferior do Museu Oscar Niemeyer exibe a mostra permanente com os principais projetos do arquiteto, além de toda sua trajetória. São maquetes e fotos que ocupam paredes inteiras e demonstram algumas das obras mais significativas produzidas pelo artista.
O primeiro painel exibe a Igreja da Pampulha, em Belo Horizonte, e maquetes dão vida a outras obras do arquiteto, como a Catedral de Brasília.










