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Consumo, logo existo ?

Escassez de recursos naturais e movimentos pontuais que propagam uma vida mais sustentável são alguns sinais de que o modelo de compras como conhecemos deve ser repensado

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Sábado, 17 de novembro, feriado prolongado da Pro­clamação da República: 1 milhão de pessoas passaram por uma das ruas que é símbolo do comércio no Brasil, a 25 de Março, em São Paulo. Ontem, dia da tradicional Black Friday nos Estados Unidos, não teve crise econômica que tirasse a vontade dos consumidores de comprar, e houve até quem dormisse em filas. Por aqui, o furor não foi tão diferente, mesmo com preços um tanto maquiados: a importação da tradição americana deixou lojas cheias em plena madrugada. Em suma: é o mundo organizado em torno do consumo.

Depois da "farra" proposta na sexta-feira de descontos, e de muita gente ter "enfiado o pé na jaca" nas lojas, é quase uma ironia que justamente hoje seja celebrado o Dia sem Compras, conhecido internacionalmente como Buy Nothing Day (BND). Criada pela organização canadense Adbusters, a data mobiliza a refletir sobre os impactos negativos, positivos, sociais e ambientais do consumo no contexto atual, em que comprar virou um estilo de vida.

Parcelar em 10 vezes no cartão de crédito e comprar uma coisinha aqui e outra ali regularmente soa quase inofensivo para alguns. No entanto, há sinais de que o consumo desenfreado está com os dias contados, tanto na teoria quanto na prática. Há estudiosos que afirmam que o mundo pode entrar em colapso por conta desta avidez, já que os recursos naturais disponíveis não acompanham esse giro. No dia a dia, é visível o crescimento nas grandes cidades de grupos que trocaram o carro pela bicicleta para se locomover, que produzem algum alimento, mesmo que pouco, dentro das próprias casas, e que se preocupam com o descarte correto do lixo.

Além disso, há o esforço em prol do dinheiro: para ganhar mais, são necessárias mais horas de trabalho ou acúmulo de atividades. O resultado disso é menos tempo com a família, estresse e relações afetivas abaladas. Supridas as necessidades essenciais de forma adequada, o que vem a mais não proporciona tanta satisfação assim, diz o instituto norte-americano Marist Institute for Public-Opinion. Segundo a instituição, quem ganha uma média de R$ 10 mil mensais é mais feliz e satisfeito do que pessoas com rendimento maior ou menor do que este valor, justamente por conta da dedicação que "fazer dinheiro" requer.

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