O encontro entre a dança contemporânea e as artes visuais resultou numa peça instigante em Territórios Imaginários, da companhia catarinense Siedler, em parceria com a Arco Projetos em Arte. A obra está em cartaz no Teatro Cleon Jacques nesta sexta e sábado.
Partindo do conceito do desconforto mas sutil, nada agressivo , o grupo recebe poucas pessoas de cada vez num salão onde há caixas espalhadas. Munido de um tocador de MP3, cada um entra com um intervalo de 30 segundos no palco iluminado, e ali é estimulado a investigar o conteúdo da instalação. Dentro das caixas, encontra porta-retratos digitais com vídeos de dança que se assemelham ao que está acontecendo no palco de forma que não se sabe mais se as imagens são ao vivo ou gravadas.
Profanar o poder
A trilha sonora é parte integrante desta criação contemporânea. Cada MP3 player distribuído traz uma seleção musical diferente e esse deverá ser outro fator de estranhamento, com o público possivelmente trocando olhares confusos, sem ser direcionado para algum lugar.
Além da trilha individual, ouvem-se sons que vêm de fora, de forma que uma nova confusão se instaura. Em meio a essa configuração diferente de espetáculo, o público terá de decidir agir ou ficar onde está.
"Tudo isso configura uma experiência única. Nós vivemos diante de dispostivos de poder, como disse Foucault, mas ainda somos capazes de profaná-los", disse Elke Siedler à reportagem, falando sobre o conceito da pesquisa que embasa o trabalho, em que ela criou a coreografia para a irmã, Mônica Siedler, e Thiago Schmitz. A criação visual é de Roberto Freitas.
Com apresentações nesta sexta-feira e sábado, às 19 e 21 horas, é importante chegar com uma hora de antecedência para colocar o nome na lista, já que há poucos lugares disponíveis.
